segunda-feira, 26 de março de 2012

A poesia segundo Ribamar Feitosa

Ação do Capital

Onde?

— Sabres e banqueiros: torturadores e lucros de sangue.
(Ação Popular)

ONDE?

— MILHARES DE PÁSSAROS NO CAMPO, NAS RUAS E PRAÇAS,
ESCOLAS, SINDICATOS E PRISÕES.
(Ação do Capital)

Como?

— Fuzis e grileiros: uma flor esmagada, juntas quebradas, pássaros fugindo,
em vão, nos cabelos da noite.
(Ação Popular)

COMO?

— O POVO TECENDO O LUGAR DA LUTA E DA HISTÓRIA.
(Ação do Capital)

Quando?

sabres e banqueiros: arrancando o dia
decepando a aurora.

Cantiga de ninar mamãe

Dorme, mamãe,
do meu coração,
o bicho papão
não vem te comer.

Dorme, mamãe,
que eu vou vigiar
e a cuca
maluca
não vem te pegar.

Dorme, mamãe,
não tenhas mais medo
de tudo e de nada,
de bruxa malvada
que faz a careta,
de bois perigosos
de cara bem preta.

Dorme, mamãe,
é tão bom ver você
nesta cama deitada.
Eu sou pequenina,
mas posso ficar
um instante acordada.

Dorme, mamãe,
um anjo chegou
e, devagar,
nos beijou.
você, mamãezinha,
mais bonita ficou.

O poeta Ribamar Feitosa é um dos poucos herdeiros literários dos anos de chumbo, daquilo que se convencionou chamar poesia revolucionária, ou de protesto, ou de vanguarda, entre tantos outros epítetos. Este poeta que, segundo biografia publicada na antologia A Poesia Maranhense do Século XX, organizada por Assis Brasil, nasceu em Parnaíba, Piauí, no dia 2 de abril de 1946, tendo ido com os pais para São Luís do Maranhão antes de completar um ano de idade. Formou-se em Comunicação Social, na Universidade Federal do Maranhão, indo trabalhar no Departamento de Sociologia e Antropologia do Centro de Estudos Básicos.
 
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