quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Os catecismos segundo Carlos Zéfiro

Histórias em quadrinhos pornográficas, produzidas no Brasil entre os anos 1950e 1980 e que serviram de iniciação sexual para mais de uma geração, são reunidas em coleção comquatro livros

Cena de "A Gang", história desenhada nos anos 1960

IVAN FINOTTI
DE SÃO PAULO

"Catecismo - ca.te.cis.mo -substantivo masculino.
1 - Compêndio elementar de instrução religiosa.
2 - Livro que contém essa instrução, por perguntas e respostas.
3 - Revistinha de sacanagem usada por adolescentes tarados no banheiro."

Essa terceira acepção da palavra "catecismo" não existe nos dicionários. Mas deveria. Trata-se, afinal, do nome pelo qual se popularizaram as histórias em quadrinhos pornográficas.


O sentido não tinha nada a ver com preceitos religiosos ou católicos, e sim com iniciação. No caso, iniciação da educação sexual.

O nome mais famoso do gênero sempre foi o de Carlos Zéfiro. Pseudônimo de um funcionário público carioca, Zéfiro escreveu e desenhou cerca de 500 revistinhas entre os anos 1950 e 1970.


Ficou tão popular que ofuscou dezenas de outros artistas do sexo ilustrado.

RESGATE
Agora, 50 anos depois do auge dos catecismos, a editora Peixe Grande começa a resgatar essa parte esquecida e importante da nossa cultura popular brasileira.
Uma caixa chamada "Quadrinhos Sacanas - Os Herdeiros de Carlos Zéfiro", com quatro livrinhos e 12 histórias desenhadas entre os anos 1950 e 1980, sempre por autores anônimos, traça um panorama do sexo como ele é.
Ou talvez do sexo como ele não é, se você considerar o destaque para as histórias de transas espaciais ("Ivo, o Astronauta" e "Valdir, o Marciano") e de sexo com animais ("As Três Cabras de Lampião").
Distribuída pela Comix e editada pela Peixe Grande em parceria com a Editoractiva, a coleção "Quadrinhos Sacanas" chega às bancas e livrarias de São Paulo em 5 de julho, com um preço que também é sacanagem: R$ 69..

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