Tecnóloga
em gestão ambiental, Ângela Maria Feitosa Mendes, 44, é filha do primeiro
casamento do líder sindical e ambientalista Chico Mendes, assassinado em
dezembro de 1988 em Xapuri (AC).
Angela Mendes é filiada ao PT, faz parte da assessoria
parlamentar do senador Anibal Diniz (PT-AC), além de integrar a diretoria do
Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CT), em Rio Branco, instituição não
governamental que o pai dela ajudou a fundar em maio de 1983.
Veja a entrevista exclusiva ao Blog da Amazônia:
Você assistiu o primeiro debate dos presidenciáveis?
Assisti apenas a primeira parte do debate, no entanto, estou
sabendo da polêmica que envolveu o nome do meu pai quando Marina disse que ele
é elite. Achei que ela apenas se expressou mal. Elite tem uma outra conotação.
A Neca Setubal representa em parte tudo aquilo que meu pai combateu.
Ela também disse que os ianomami são elite.
Eu sei, eu entendo. Ela quis dizer que são elite porque se
destacam em algum momento por aquilo que fazem, lutam e acreditam. Meu pai foi
esse homem. Não entendo que ela quis denegrir a imagem do meu pai.
Circula na web um vídeo em que você manifesta
apoio à reeleição da presidente Dilma. O que tem a dizer a respeito do vídeo?
O vídeo que está circulando foi gravado em 2010. Naquele ano,
mesmo eu sendo petista, votei na Marina no primeiro turno eleitoral. Eu sou uma
dos quase 20 milhões de eleitores dela naquele pleito. No segundo turno, votei
na presidente Dilma e foi quando gravei aquele vídeo apoiando-a. Quatro anos
depois, as coisas mudaram.
Vai votar em Marina no primeiro turno?
Filiada que sou ao PT, e por apoiar o projeto do partido, vou
votar em Dilma. Mas não só por isso. Vou votar por uma questão de coerência.
Apesar do respeito e do carinho que tenho pela Marina, não acho que neste
momento ela conseguiria fazer o governo utópico dela. A melhor opção é Dilma,
apesar de todos os problemas e pressões. Existe um Congresso que se une em
blocos de ruralista ou evangélico, que querem se impor de qualquer forma.
Apesar de todas as pressões, a Dilma ainda consegue avançar na política social
e econômica, embora retraída na questão ambiental. Mas isso já está mudando,
principalmente em relação ao modelo de energia para o país. Ela já fala em
investir mais em energia solar e eólica. É um bom começo. Se a Dilma se
aproximar dos movimentos socais e ambientais vai ser muito bom pra gente. Acho
que o modelo é aquele que você sabe como quer chegar e sabe como chegar lá. Não
me sinto segura com o modelo de política que Marina defende. Hoje, se não fosse
do PT, não votaria nela como votei em 2010. Tudo nela me passa uma certa
insegurança. Que ela queira transformar o mundo, o Brasil, é um sonho que eu
compartilho. Mas como é que a gente vai fazer isso? Temos que ter metas e
propostas definidas. Não é renegando essa democracia, a existência desses
partidos políticos. A gente ainda não está preparado para isso.
O fato de Marina ter sido tão amiga de Chico
Mendes não tranquiliza você?
Isso me faz respeitar Marina como pessoa, como mulher. Ninguém
vai me ver desrespeitando-a. Marina e meu pai fizeram uma revolução. Respeito
como uma acreana cuja trajetória superou muitas barreiras e preconceitos. Mas,
para mim, isso não é suficiente para alçá-la ao cargo de presidente da
República. As pessoas mudam. Naquela época, junto com meu pai, ela era um
pessoa. Pode ser que hoje seja outra pessoa. Mas por ter sido amiga e
companheira do meu pai, ela conta com todo meu carinho e respeito.
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