quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Partidários de Marina Silva abandonam o barco de Aécio Neves

Partidários de Marina Silva abandonam o barco de Aécio Neves

Signatários do manifesto defendem ‘neutralidade’ no segundo turno.
Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília

Um grupo de integrantes da Rede Sustentabilidade coleta assinaturas para um manifesto que rejeita o apoio da candidata derrotada à Presidência Marina Silva  (PSB), ao candidato do PSDB, Aécio Neves, no segundo turno da eleição para presidente. O manifesto (leia íntegra ao final desta reportagem) foi organizado por um segmento da Rede chamado Elo Nacional e, até esta segunda-feira (13), reunia 25 assinaturas, inclusive de membros da Executiva Nacional. 

A Rede é um projeto político de Marina e teve o registro como partido negado no ano passado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por não ter reunido o número mínimo de assinaturas necessárias à oficialização de nova legenda. Após a decisão do TSE, a ex-senadora se filiou ao PSB para disputar a Vice-Presidência da República na chapa do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Com a morte de Campos, Marina concorreu à Presidência pelo partido e ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com 21,32% dos votos.
A favor da nova política

O primeiro turno das eleições presidenciais expôs um Brasil prisioneiro de um paradoxo. O centro de poder decadente, conservador e estagnado na velha polarização PT x PSDB, representada por Dilma e Aécio no segundo turno, enclausurou o efervescente desejo de mudanças manifestado nas jornadas de junho de 2013 e reafirmado pelo posicionamento de aproximadamente dois terços do eleitorado brasileiro.
A crise de representação se aprofundou porque as duas principais máquinas partidárias do país lançaram mão do uso descarado dos instrumentos de poder político, institucional, midiático e econômico para cooptar, coagir, pressionar e manipular a vontade popular, impedindo que esse sentimento de mudança predominante na população se materializasse em uma representação alternativa e consequente no segundo turno.
Qualquer que seja o eleito, Dilma ou Aécio, realizará um governo que queimará recursos naturais e conquistas sociais e se servirá do velho padrão do fisiologismo e do patrimonialismo travestido de “garantia da governabilidade” para preservar um modelo de desenvolvimento baseado nos pilares intocáveis da concentração de renda e da exploração irracional dos recursos naturais.  Isto porque os projetos em disputa mantêm em seu DNA a cultura da velha política, da corrupção, da promoção dos interesses do mercado em detrimento dos direitos sociais, da servidão à lei do mais forte; usam e abusam da gestão inescrupulosa, do aparelhamento do estado e do poder público para o favorecimento privado, cooptando e sendo cooptados por interesses escusos.
Esta é a natureza do poder exercido no governo federal, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro ou Minas Gerais, independentemente de qual das duas coalizões governe.
Ressaltamos que as conquistas sociais e econômicas alcançadas pelos brasileiros e brasileiras não foram dádivas ou concessões das cúpulas partidárias do PT ou do PSDB. São os frutos de uma longa e difícil história de lutas que prosseguirá  para garantir a preservação dessas conquistas e que precisa avançar até a construção de um modo de vida e de organização social e econômica que propicie vida digna, justa e ambientalmente sustentável para todos nós.
Como afirma a nota divulgada pela executiva Nacional da Rede Sustentabilidade, que reitera a urgência da mudança, é nosso dever “reconhecer que a sociedade  brasileira não encontrou ainda o caminho, as condições e o tempo de realizá-la. Em nossa democracia, a estrutura política e partidária brasileira impediu, mais uma vez, a realização dessa afirmação histórica”.
Neste momento, a humildade diante das adversidades e das limitações impostas pelas condições do presente exige de nós a grandeza necessária para realizarmos uma avaliação profunda de nossos erros e debilidades. Mas, ao mesmo tempo, de reafirmar a persistência no caminho da consolidação e do fortalecimento de uma alternativa de mudança capaz de conquistar, ao lado de nosso povo, a emancipação social, a paz, a felicidade e a sustentabilidade como legado para as gerações futuras. E isso só poderá ser feito se estreitarmos nossos laços com os que acreditam que os sonhos são a matéria prima mais concreta da política.
Diante deste quadro, os signatários desta trazem a público a opinião consolidada em amplos setores da sociedade de que constitui-se grave erro político a declaração de voto e a adesão à campanha de Aécio Neves. Nenhuma modificação formal no programa eleitoral de Aécio transformará a natureza de sua candidatura, que não se constitui de palavras, mas de atos de história concreta que indicam sua integração orgânica à desconstituição de direitos, aos ruralistas e ao capital financeiro.
A favor da nova política manteremos a nossa independência da polarização PT x PSDB. Ser parte da polarização PT x PSDB destoa do projeto original da Rede Sustentabilidade, que nasceu com o propósito maior de estimular a emergência dos sujeitos autorais, dos indivíduos livres e conscientes, que não se dispõem a realizar suas mais legitimas aspirações e interesses no âmbito da velha, estagnada e conservadora política que tanto PT quanto PSDB representam e praticam.
Para mantermos a coerência e a qualificação de nossa intervenção política, só há um caminho: continuar afirmando a necessidade de uma nova e de uma outra política.
Nosso principal desafio é estarmos à altura do presente, olhar para o futuro e enxergar além dessa falsa polarização que representa o passado. É ter a mais firme de todas as posições: rejeitar as duas candidaturas e não indicar voto em nenhum dos dois lados.
É se declarar independente, sem nenhum compromisso com essa nefasta polarização.

Acauã Rodrigues - Elo Nacional da Rede
Antonio Daltro Moura - Elo Nacional da Rede
Cassio Martinho - Executiva Nacional da Rede
Celio Turino - Elo Nacional da Rede
Claudineia Costa - Elo Nacional da Rede
Daniela Vidigal - Elo Nacional da Rede
Eduardo Thorpe - Elo Nacional da Rede
Fernando Oliveira - Elo Nacional da Rede
Fred Mendes - Elo Nacional da Rede
Gilson Tessaro - Elo Nacional da Rede
Haldor Omar - Executiva Nacional da Rede
Jefferson Moura - Executiva Nacional da Rede
Julio Rocha - Executiva Nacional da Rede
Leonel Graça - Elo Nacional da Rede
Luciene Reis - Elo Nacional da Rede
Marcela Moraes
Mario Neto - Elo Nacional da Rede
Martiniano Cavalcante - Executiva Nacional da Rede
Muriel Saragoussi - Executiva Nacional da Rede
Roberto Martins - Elo Nacional da Rede
Urbano Matos - Elo Nacional da Rede
Valeria Tatsch - Elo Nacional da Rede
Washington Carvalho - Elo Nacional da Rede
Carlos Painel - Executiva Nacional
Thiago Rocha - Executiva Nanional. Fonte: G1 Brasília

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