O morto
não está de sobrecasaca
não está de casaca
não está de gravata.
O morto está morto
não está barbeado
não está penteado
não tem na lapela
uma flor
não calça
sapatos de verniz
não finge de vivo
não vai tomar posse
na Academia.
O morto está morto
em cima da cama
no quarto vazio.
Como já não come
como já não morre
enfermeiras e médicos
não se ocupam mais dele.
Cruzaram-lhe as mãos
ataram-lhe os pés.
Só falta embrulhá-lo
e jogá-lo fora.
não está de sobrecasaca
não está de casaca
não está de gravata.
O morto está morto
não está barbeado
não está penteado
não tem na lapela
uma flor
não calça
sapatos de verniz
não finge de vivo
não vai tomar posse
na Academia.
O morto está morto
em cima da cama
no quarto vazio.
Como já não come
como já não morre
enfermeiras e médicos
não se ocupam mais dele.
Cruzaram-lhe as mãos
ataram-lhe os pés.
Só falta embrulhá-lo
e jogá-lo fora.
Nesta poesia o poeta maranhense Ferreira Gullar homenageia
o maior cineasta brasileiro e quiçá do mundo: o baiano do município de Feira de
Santana, o irrequieto, incendiário, o revolucionário e o panfletário. Em suma: o gênio da raça Glauber Rocha.
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