Fui te despindo
Fui
despindo você de você mesmo,
de
seus "vocês" superpostos que a vida
te
cingiu ...
Te
arranquei a casca - inteira e dura –
que
parecia fruta, que tinha
a
forma da fruta.
E
diante do vago assombro de seus olhos
surgiu
você com olhos ainda velados
de
sombras e assombros ...
Surgiu
você de você mesmo, da mesma
sombra
fecunda - intacto e desgarrado
em
alma viva ...
XXXVI
Hei de amoldar-me a ti como o rio a seu leito,
como o mar a sua praia, como a espada a sua bainha.
Hei de correr em ti, hei de cantar em ti, hei de
guardar-me em ti
de agora em diante.
Fora de ti há de me sobrar o mundo, como ao rio
sobra
o ar, ao mar a terra, à espada a mesa do convite.
Dentro de ti não há de me faltar brancura do limo
para minha corrente, perfil de vento para minhas
ondas, ajuste e
repouso para meu aço.
Dentro de ti está tudo; fora de ti não há nada.
Tudo o que tu és está em seu lugar, tudo o que não
sejas tu me
há de ser vão.
Caibo em ti, estou feita a tua medida; mas se for
em mim onde
algo falte, cresço ... Se for em mim onde algo
sobre,
corto.
Dulce Maria Loyna y Muñoz foi
uma poetisa cubana, nascida em Havana.
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