quarta-feira, 17 de outubro de 2018

A poesia segundo José Chagas


(POR TRÁS DO POEMA]

Por trás do poema
não se respira

Ventos se quebram
rolam onde o chão trabalha
um verde de outra cor

Por trás do poema
devemos estar mortos
inoticiados

Palavras emigram
vão para o labor de espessas
emoções

Por trás do poema
as chuvas se gastam
gastam-se os vôos os frutos
a alegria branca das praias

O tempo inicia seus escombros
por trás do poema

Uma rua de estátuas
cai sua cinza
cai o seu nada
de muitos séculos

E um rio em si mesmo se afoga
seca em suas areias
a vontade de mar

Não olheis nunca por trás do poema

podem vossos olhos
em sal tornar-se

Paraibano de nascimento e maranhense na arte, José Chagas (1924-) é dono de obra vasta e significativa, no entanto pouco divulgada. Com mais de vinte livros de poesia, Chagas estreou em 1955 com o livro Canção da Expectativa.

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