quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

A Poesia segundo Ferreira Gullar



“Não há vagas”


“O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira”


Ferreira Gullar, nascido José de Ribamar Ferreira, foi um escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta maranhense.  

Siga os blogs Diário do Homem Americano e Dom Severino no Twitter, no Facebook e no Google

Nenhum comentário: