sábado, 15 de dezembro de 2018

O postulado do livre arbítrio, o Jardim das Delícias e um Deus masoquista


Os amantes do esporte bretão (futebol se deparam aos domingos na televisão com jogadores do time vencedor exibindo na sua camisa a frase: “Deus é fiel”. Se Deus é fiel aos vencedores, isso quer dizer que ele é infiel aos perdedores. Esse é um Deus que tem lado, ou seja, o lado dos vencedores. 



"O postulado do livre arbítrio é indispensável para considerar o seguimento de toda ação regressiva. Pois o consumo do fruto proibido, a desobediência, os erros cometidos no Jardim das Delícias decorrem de um ato voluntário, portanto suscetível de ser repreendido e punido. Adão e Eva podiam não pecar, pois foram criados livres, mas preferiram o vício a virtude. Assim pode-se pedir-lhes prestação de contas. Até mesmo fazê-lo pagar. E Deus não deixa de fazê-lo, condenando-os, eles e seus descendentes, ao pudor, à vergonha, ao trabalho, ao parto com dor, ao sofrimento, ao envelhecimento, à submissão das mulheres aos homens, à dificuldade de toda intersubjetividade sexuada. A partir daí, nesse esquema, e segundo o princípio editado nos primeiros momentos das escrituras, o juiz pode se fazer de deus na terra". (Michel Onfray

"A Bíblia é um livro tão simplório que para entende-lo, não é preciso o uso da razão, bastando apenas ter fé, acreditar num ser sobrenatural; um ser que só num passado remeto os seus “filhos” tiveram o privilégio de ver a sua face. Se Deus o todo poderoso poderia ter evitado o pecado que condenou Adão e Eva ao pudor, à vergonha, ao trabalho, ao parto com dor, ao sofrimento, ao envelhecimento, à submissão das mulheres aos homens, à dificuldade de toda intersubjetividade sexuada à condenação eterna, esse Deus é um Deus masoquista. Qual o pai que podendo evitar o sofrimento do seu filho, nada o faz para impedi-lo. É raro o pai no plano terrestre permitir o sofrimento de um filho”.

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