quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Os estados brasileiros são usados como cabides de empregos

Isso é regra geral, e nenhum estado escapa do modus operandi de fazer política usando a máquina do estado. A começar pelas escolhas dos secretários estaduais e municipais. Todos escolhidos com base no critério político, com exceção dos parentes e amigos próximos de governadores e prefeitos municipais.

A política nacional padece de um problema de natureza cultural, que é a de favorecer o projeto político das nossas lideranças, em detrimento dos interesses gerais do povo.

No Brasil, via de regra, o político ingressa na vida pública como um investidor que busca enriquecer fácil e rapidamente investindo na Bolsa de Valores. Com uma simples e nem tão sutil diferença, que é o fato de que na política partidária o investidor não corre o risco de ver de um momento para outro o seu capital desaparecer, como acontece ao comprarmos ações de alto risco.

Na administração pública, a palavra meritocracia não passa de um recurso retórico, porque o que realmente é preponderante na escolha de gestores públicos é o prestígio político. No estado do Piauí, por exemplo, os diretores dos hospitais e escolas públicas - não são escolhidos com base na capacidade administrativa, profissional e cultural do indivíduo, mas no nome de quem o indicou.    

Neste estado, as principais lideranças dos municípios são quem escolhem as pessoas e as indicam para serem nomeadas pelo governo. Como a Lei faculta o direito do secretário de estado ou secretário municipal de poder contratar servidores para desenvolverem atividades públicas, o festival de nomeações de servidores com base no interesse político só faz aumentar. É o que se convencionou chamar de ‘cabide de emprego’ nos órgãos públicos, a nomeação com base num único critério: o político.

Por essas e outras é que os serviços públicos das áreas de saúde e educação, principalmente, são serviços de péssima qualidade, porque os gestores públicos também usam os mesmos critérios para selecionar os seus colaboradores. Não nenhum exagero em afirmar que os serviços de saúde e educação nos estados nordestinos podem muito bem ser comparados com os serviços ofertados pelos países que forma a África subsaariana. A qualidade é de quase indigência.

Por Tomazia Arouche

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