domingo, 6 de fevereiro de 2022

Severino de Souza Neto (Dom Severino): Um homem incontornável

Não se trata aqui da narração de uma história de vida, mas de pequenos relatos de um homem que não tem passado indiferente pela vida, ou seja, que nunca se omitiu de participar da luta pelas transformações sociais necessárias num país marcadamente injusto para com os pobres, invisíveis e oprimidos.

O meu nome, foi um nome escolhido para homenagear o meu avô, um pernambucano que migrou para o estado do Maranhão e, nesse estado nordestino, fez história ao ser um dos construtores da ponte ferroviária Benedito Leite. Uma obra construída sobre o Estreito dos Mosquitos e que foi a primeira ponte que estabeleceu uma ligação entre a Ilha de São Luís do Maranhão e o continente. A famosa ilha onde está localizada a capital administrativa do estado do Maranhão.

Severino Francisco de Souza foi, no estado do Maranhão, um grande difusor das ideias socialistas e participante de movimentos grevistas na construção da ponte do Estreito dos Mosquitos. Desnecessário dizer que eu, como nordestino e grande admirador do meu avô, me orgulho muito do meu nome que veio dele.

Uma breve observação: do meu registro de nascimento foi omitido o Francisco do nome do meu avô.

Eu, Severino de Souza Neto, nasci na antiga Vila da Estiva, localizada no Estreito dos Mosquitos, hoje um bairro de São Luís, distante 38 quilômetros da capital, da união entre os maranhenses Valdimiro Correa de Souza e Tomazia Arouche de Souza e neto de Severino Francisco de Souza e Isabel Vieira Correa.

Eu sempre nutri uma profunda admiração pelo meu avô,

Pernambucano, homem muito culto e que, embora vivendo num lugar remoto, tinha na leitura de livros e jornais o seu maior prazer. Herdei dele o amor pelo jornal impresso e pelo livro, bem como o gosto pela literatura.

Aqui cabe uma curiosidade: eu que nunca havia frequentado a escola formal, aprendi a ler através dos jornais que comprava para o meu avô às segundas, quartas e sextas-feiras no trem de passageiros que ligava à época, as capitais São Luís e Teresina, através da Rede Ferroviária São Luís-Teresina.

Até os 20 anos, residi na Vila da Estiva e na década de 70 resolvi mudar-me para a sede do município, onde fui trabalhar na Companhia Maranhense de Refrigerantes, produtora da Coca Cola, onde eu virei técnico de produção desse refrigerante norte-americano. No período da noite e nos finais de semana eu me dedicava a criar e a animar na periferia de São Luís as Comunidades Eclesiais de Base (CEBS) com os meus amigos padres redentoristas. No município de Arari, terra do festejado cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro eu ajudava na conscientização dos trabalhadores do sindicato de trabalhadores rurais desse município maranhense.

Aos 23 anos eu já havia tentado deixar minha terra natal e descobrir novos mundos como andarilho na companhia de um pernambucano e um argentino, mas acabei desistindo devido a um sério problema de saúde, provocado por renitentes crises de bronquite asmática.

Decepcionado comigo mesmo, mas ainda picado pela mosca vermelha, eu resolvi partir para voos mais altos e migrar para o então estado da Guanabara, levando na minha bagagem sonhos e parcos recursos adquiridos com a rescisão de contrato com a Companhia Maranhense de Refrigerantes.

No dia 23 de janeiro do ano de 1973, este maranhense desbravador embarcou num ônibus da empresa Itapemirim com destino à cidade maravilhosa.

Na minha viagem em direção ao Rio de Janeiro, fiz amizade com um maranhense residente no então estado da Guanabara que, nos meus primeiros meses de estada na capital daquele estado, me acolheu. Uma pessoa da qual hoje não me ocorre mais o nome, mas que era ou é um grande ser humano.

Os meus primeiros 15 dias na cidade maravilhosa foram dias de muitas saudades, na companhia de um toca-fitas e ouvindo ininterruptamente a música a Distância do cantor e compositor Roberto Carlos. O meu primeiro endereço nessa cidade foi o Campo de São Cristóvão, onde hoje fica localizado o Centro de Tradições Nordestinas (CND). Em frente ao Observatório do Valongo e da Rádio Relógio.

Longe da província e precisando trabalhar, o meu primeiro emprego fui vendedor de carnês Erontex, um tipo de venda de porta em porta. Um modelo de venda que foi copiado por Silvio Santos, com o Baú da Felicidade. Como eu não levava jeito para vendedor, desisti desse tipo de emprego no município de Bom Jesus de Itabapoana no antigo estado do Rio de Janeiro, cuja capital à época era Niterói. Ao retornar da cidade de Bom Jesus de Itabapoana, por uma incrível coincidência eu encontro no centro da cidade da Guanabara, o também maranhense Raimundo João Saldanha que trabalhava numa Corretora de Valores e que me prometeu um emprego, o que acabou acontecendo e fui trabalhar na Universidade Candido Mendes no campus de Ipanema, mais precisamente na Praça da Paz, onde permaneci por pouco tempo devido eu ter contraído varicela, uma doença contagiosa e como eu lidava com o público, isso contribuiu para o meu desligamento dessa universidade.

Passado algum tempo, o mesmo Raimundo João Saldanha de tradicional família rosariense, me empregou na Corretora de Valores Cabral de Meneses, onde eu comecei como office boy. Na Cabral de Meneses eu tive a oportunidade de trabalhar com o economista Carlos Alberto Sicupira (Beto Sicupira, hoje em dia um dos brasileiros mais ricos) que depois se transferiu para a Laureano Corretora de Valores e o segui. Só para registro: Na Laureano Corretora de Valores eu tive a oportunidade de trabalhar com o corretor Golbery do Couto e Silva Junior, filho do lendário general Golbery do Couto e Silva.

Com a crise do mercado financeiro, eu acabei me transferindo para a indústria da construção civil, onde eu trabalhei na construção do Banco Holandês Unido, na travessa do Ouvidor. Passada a crise do mercado financeiro eu retornei a esse mercado como controler de Open Market da Rédito Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários e da APM Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários. Nova crise no mercado financeiro e outra vez eu tive que mudar de atividade profissional, indo trabalhar no município de Angra dos Reis, na construção da Usina Nuclear Almirante Álvaro Alberto (Usina Nuclear Angra II). Na Usina Angra II eu paralelamente participava da criação do Sindicato da Construção Civil do município de Angra dos Reis.

Morando nessa época em Lídice, segundo distrito do Município de Rio Claro (terra do poeta Fagundes Varela), eu criei, juntamente com um economista funcionário aposentado do antigo Instituto Brasileiro do Café (IBC) e o gerente do Banco do Brasil em Angra dos Reis, a Associação dos Moradores de Lídice (AMAL). No município de Rio Calor eu participei também da criação do Movimento Democrático Brasil (MDB).

Em 1982 eu fui transferido pela Construtora Odebrecht da Usina Nuclear de Angra II para o estado de Rondônia para a construção da Usina Hidrelétrica de Samuel, como um estágio de adaptação para uma provável transferência futura para uma obra dessa mesma construtora em Angola, o que acabou não acontecendo, porque eu me separei da minha primeira esposa e ser casado era a condição exigida por essa empresa para que qualquer um dos seus funcionários fossem recrutados para uma obra internacional.

No estado de Rondônia, nas horas vagas e nos finais de semana, eu participava de ações na periferia de Porto Velho que visavam organizar os moradores dessa capital. Um trabalho liderado pela então líder desse tipo de ação, a futura deputada federal Raquel Cândido e o seu companheiro, o deputado federal pelo estado do Rio Grande do Sul, Magnu Guimarães.

Como o meu desligamento da Odebrecht eu retorno para São Luís do Maranhão e em São Luís, dado a minha amizade com os filhos do então presidente da república José Sarney, Fernando e Roseana Sarney e o então delegado do trabalho no estado do Maranhão, Paulo Marinho eu ingresso na Companhia Energética do Maranhão (CEMAR). Antes eu havia conhecido a estudante de serviço da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a piauiense Raquel Negreiros, com quem eu tenho uma filha, a pós-doutora em cinema pela Universidade de Lausanne na Suíça, Tainah Souza.

Após ingressar na CEMAR, passado um ano eu pedi minha transferência para o município de Timon, um município maranhense vizinho a capital piauiense, onde eu criei o Comitê Pró-Ponte que lutou pela construção de uma terceira ponte sobre o rio Parnaíba ligando os municípios de Timon a Teresina e vice-versa. Uma ponte que recebeu o nome de ponte José Sarney, uma justa homenagem a quem liberou os recursos necessários para o início e conclusão dessa importante obra. Importante tanto para maranhenses como para os piauienses residentes em Teresina.

Em Timon, além de eu manter o vínculo empregatício com a CEMAR, eu paralelamente fazia o programa Clube da Insônia, depois Madrugada Amiga durante a madrugada na rádio Mirante FM, depois rádio 99,9 FM e por último rádio Meio Norte FM. Nesse mesmo período de tempo eu assinava uma coluna Dia-a-dia no Jornal Correio do Piauí, com o pseudônimo de Irwing Maranhão.

Hoje eu resido em São Raimundo Nonato, onde milito na imprensa local, como editorialista e comentarista do programa Factorama.

Eu ia esquecendo de dizer que sempre fui um simpatizante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Uma organização política marxista.

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