quinta-feira, 28 de abril de 2011

Memória do Teatro Brasileiro

O teatrólogo Aldo Leite nasceu no município de Penalva em 1941, tendo se mudado para São Luís aos 11 anos. Na capital cursou todo o antigo ginasial e partiu rumo ao Rio de Janeiro, indo posteriormente para São Paulo onde cursou a faculdade de Teatro da USP. Em 1976 estréia sua peça mais famosa: “Tempo de Espera”.

O espetáculo chamou atenção de crítica e público pela sua originalidade. Nela, os atores não falam uma sílaba e apenas interpretam usando a linguagem corporal. A peça (sempre atual) retrata a vida do povo brasileiro no interior do nordeste, na busca incessante por dignidade imbuída em educação, saúde e respeito.

A idéia central da peça surgiu quando ainda muito jovem fazia teatro pelo interior do Estado, como integrante do grupo do extinto programa de Educação de Adultos, Mobral. Ao perceber a quantidade de analfabetos que havia por onde quer que o grupo passasse, foi fortalecendo cada vez mais a idéia de produzir algo onde os atores não pudessem se expressar com o que há de mais forte na comunicação de um povo, a língua falada. Entretanto, ao ser encenada na década de 70, coincidiu com o conturbado período da ditadura, e a falta de palavras fez uma referência direta à censura.

Após ser apresentada no Brasil, “Tempo de Espera” foi encenada em vários países tendo sido agraciada em 1977 com dois prêmios Molière. Foi reconhecida também através dos prêmios Mambembe, Associação Paulista dos Críticos de Arte e ainda representou o Brasil no Festival Internacional de Teatro de Nancy (França).

O Chá das Quintas

A peça mostra de forma bem humorada, situações absurdas, dolorosas, vivenciadas por duas professoras que, por anos seguidos, se encontram regularmente todas as quintas-feiras para tomar chá. Nesses encontros, uma professora laureada, de educação à francesa disputa seu espaço com a amiga, tenaz defensora do vernáculo português. São encontros pretensamente de amizade porém marcados por cobranças, desentendimentos e neuroses pessoais que se transformam em conflitos e fantasias vividas por duas pessoas solitárias, reféns de costumes e regras sociais.

De volta a São Luís, no final da década de 70, Aldo Leite ingressa na Universidade Federal do Maranhão, no departamento de Artes, onde está até hoje.

"Peça perturbadora" do maranhense Aldo Leite estréia em Portugal

da Lusa, em Coimbra

O dramaturgo maranhense Aldo Leite assiste, nesta segunda-feira, em Coimbra (centro-oeste de Portugal), à estréia de sua peça "Tempo de Espera". A obra fala sobre a falta de esperança de uma família pobre do Maranhão. As personagens não falam.

Com encenação de Clóvis Levi, o espetáculo será apresentado pela turma do quarto ano do curso de Teatro e Educação da Escola Superior de Educação de Coimbra (Esec), no Museu dos Transportes, até o próximo domingo.

"Ninguém fala durante toda a peça, as personagens apenas agem", dizem em nota os produtores da peça, realizada em parceira com a Assistência Médica Internacional (AMI) e a Federação Portuguesa das Associações de Surdos (FPAS).

"Peça perturbadora"

Esta é uma "uma peça perturbadora, que mostra a apatia e a falta de esperança de uma família miserável, esquecida no interior do Maranhão", dizem os produtores. "Com fome, apenas sobrevivendo, as personagens não têm nem ânimo nem vontade de falar. Os acontecimentos se sucedem e as personagens apenas reagem. Em silêncio", acrescenta o texto.

A originalidade de "Tempo de Espera", premiada no Brasil, onde estreou em 1976, e já apresentada em vários países, reside na estratégia utilizada pelo autor para mostrar um retrato da apatia, do desamparo, da falta de perspectiva, da desnutrição e da falta de comunicação entre as personagens.

Segundo a organização, todos os dias a AMI disponibiliza, gratuitamente, um quarto dos ingressos à sua disposição para levar os seus pacientes para assistir ao espetáculo.

O público em geral pagará pelo ingresso um livro (usado ou não) ou alimentos não perecíveis para serem distribuídos aos pacientes da AMI. (Folha Online)

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