Na pesquisa, Flávio Dino do
PCdoB, aparece com ampla vantagem e foi, evidentemente por isso, que fiz a
festa.
Mas,
tenho que confessar aos leitores que possuo os dois pés atrás com pesquisas
eleitorais, sejam elas feitas pela oposição, pela situação ou por empresas
privadas que em geral tem muito interesse em interferir na opinião pública.
Em
primeiro lugar, há uma organizada e nada boba indústria de pesquisas no país.
Ela funciona de acordo com o gosto e com o bolso do freguês. Pode ser que haja
institutos sérios, mas é ingenuidade achar – principalmente num cenário de
incertezas – que institutos não interfiram na metodologia da pesquisa para
atender a determinados interesses.
Sim,
meus caros, porque mentir com números é possível, aliás, a ilusão generalizada
de que estatística é uma ciência exata, torna ainda mais fácil a tarefa de
enganar com números.
Em
segundo lugar, uma pesquisa de opinião trás consigo uma praga da
contemporaneidade que é a tentativa cada vez mais bem sucedida de nivelar as
massas por baixo. Num estado como o Maranhão, onde há uma crença cultural na
ideia nefasta de voto útil, o resultado de uma pesquisa eleitoral tem poder
quase arrasador sobre boa parte da população, que ignora ser o voto, acima de
tudo, um gesto motivado pela força da própria consciência e não um objeto a ser
levado de um lado para o outro conforme os humores da multidão.
Em terceiro
lugar, uma pesquisa eleitoral mexe com muitos interesses, mas é atualmente
feita a partir de critérios sobre os quais a justiça eleitoral tem pouca ou
nenhuma ingerência. Um candidato que consegue fortalecer, através das
pesquisas, uma expectativa de poder, vai atrair para si mais aliados, mais
recursos e fatalmente engessará o debate público, principal arma da sociedade
num regime democrático.
Por
fim, é evidente que o resultado de uma pesquisa eleitoral não pode ser tão
manipulado a ponto de destoar da realidade, porém em um ambiente de disputa
acirrada, a pesquisa se transforma no fiel da balança. No caso da pesquisa
Amostragem revelando a ampla vantagem de Flávio Dino, ela só se sustenta porque
afinal, às pessoas tem na realidade concreta a percepção firme de que Flávio
efetivamente lidera com folga. Porém, se por alguma razão, o clima eleitoral no
Maranhão se tornar mais competitivo, Flávio pode ser vítima da estratégia que
ele usa agora para beneficiar-se. E todos nós sabemos do histórico do grupo
Sarney em fraudar pesquisas de intenção de voto.
A menos
de 10 meses para a eleição, o Palácio dos Leões, estrategicamente, guarda as
pesquisas que tem feito, até porque elas não são nada favoráveis ao candidato
do governo. Mas ninguém tenha dúvidas que ano que vem, o instrumento da
pesquisa eleitoral será usado sistematicamente por eles, inclusive de modo
artificial. O lado de cá não poderá reclamar, já que trata de legitimar
constantemente o uso de pesquisas como instrumento da batalha eleitoral. Fonte:
blog da Lígia Teixeira (Jornal Pequeno - São Luís do Maranhão)
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