domingo, 8 de dezembro de 2013

Uma conversa necessária sobre pesquisas eleitorais, por Lígia Teixeira



Na pesquisa, Flávio Dino do PCdoB, aparece com ampla vantagem e foi, evidentemente por isso, que fiz a festa.

Mas, tenho que confessar aos leitores que possuo os dois pés atrás com pesquisas eleitorais, sejam elas feitas pela oposição, pela situação ou por empresas privadas que em geral tem muito interesse em interferir na opinião pública.
Em primeiro lugar, há uma organizada e nada boba indústria de pesquisas no país. Ela funciona de acordo com o gosto e com o bolso do freguês. Pode ser que haja institutos sérios, mas é ingenuidade achar – principalmente num cenário de incertezas – que institutos não interfiram na metodologia da pesquisa para atender a determinados interesses.
Sim, meus caros, porque mentir com números é possível, aliás, a ilusão generalizada de que estatística é uma ciência exata, torna ainda mais fácil a tarefa de enganar com números.
Em segundo lugar, uma pesquisa de opinião trás consigo uma praga da contemporaneidade que é a tentativa cada vez mais bem sucedida de nivelar as massas por baixo. Num estado como o Maranhão, onde há uma crença cultural na ideia nefasta de voto útil, o resultado de uma pesquisa eleitoral tem poder quase arrasador sobre boa parte da população, que ignora ser o voto, acima de tudo, um gesto motivado pela força da própria consciência e não um objeto a ser levado de um lado para o outro conforme os humores da multidão.
Em terceiro lugar, uma pesquisa eleitoral mexe com muitos interesses, mas é atualmente feita a partir de critérios sobre os quais a justiça eleitoral tem pouca ou nenhuma ingerência.  Um candidato que consegue fortalecer, através das pesquisas, uma expectativa de poder, vai atrair para si mais aliados, mais recursos e fatalmente engessará o debate público, principal arma da sociedade num regime democrático.
Por fim, é evidente que o resultado de uma pesquisa eleitoral não pode ser tão manipulado a ponto de destoar da realidade, porém em um ambiente de disputa acirrada, a pesquisa se transforma no fiel da balança. No caso da pesquisa Amostragem revelando a ampla vantagem de Flávio Dino, ela só se sustenta porque afinal, às pessoas tem na realidade concreta a percepção firme de que Flávio efetivamente lidera com folga. Porém, se por alguma razão, o clima eleitoral no Maranhão se tornar mais competitivo, Flávio pode ser vítima da estratégia que ele usa agora para beneficiar-se. E todos nós sabemos do histórico do grupo Sarney em fraudar pesquisas de intenção de voto.
A menos de 10 meses para a eleição, o Palácio dos Leões, estrategicamente, guarda as pesquisas que tem feito, até porque elas não são nada favoráveis ao candidato do governo. Mas ninguém tenha dúvidas que ano que vem, o instrumento da pesquisa eleitoral será usado sistematicamente por eles, inclusive de modo artificial. O lado de cá não poderá reclamar, já que trata de legitimar constantemente o uso de pesquisas como instrumento da batalha eleitoral. Fonte: blog da Lígia Teixeira (Jornal Pequeno - São Luís do Maranhão)

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