quarta-feira, 3 de julho de 2019

A poesia segundo Augusto dos Anjos


Saudade

Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Cronologicamente está associado ao Pré-Modernismo, momento de transição da literatura brasileira que precedeu as inovações modernistas. Nasceu no dia 20 de abril de 1884, em Engenho Pau d'Arco, Paraíba e faleceu no dia 12 de novembro de 1914, na cidade de Leopoldina, Minas Gerais.

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