E o que é mais grave na velhice é que nela não existe nada
de épico e nenhuma glória.
Envelhecer não é um prêmio, muito pelo contrário, é um ajuste
de contas das dívidas que contraímos no passado.
Todo dia ao amanhecer a pessoa idosa pensa no fim que
se aproxima velozmente, como um animal feroz que parte decididamente em direção
a sua presa e vítima.
E o idoso como uma presa fácil não esboça nenhuma
reação e vai lentamente sendo engolido pelo destino trágico que impiedosamente,
cruelmente e inexoravelmente não muda o seu objetivo.
O passado para o idoso é como um retrato desbotado que ao
vê-lo e revê-lo, retrocedemos no tempo e sentimos saudade do que fomos.
Saudades de um passado que machuca, maltrata e nos consome como uma ferida profunda.
Sem tesão e sem poder comer aquilo que mais lhe
satisfaz, a pessoa idosa só encontra conforto na fé. Isso para aqueles que creem.
Para aquele que não acredita na existência de um ser sobrenatural, num Deus protetor
e numa religião consoladora, mais triste torna-se a vida.
Para a pessoa idosa nem a insensatez lhe é permitido,
porque é vista como ridícula pela turma jovem.
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