sexta-feira, 12 de julho de 2019

Envelhecer é muito triste e trágico, por Tomazia Arouche


E o que é mais grave na velhice é que nela não existe nada de épico e nenhuma glória.

Envelhecer não é um prêmio, muito pelo contrário, é um ajuste de contas das dívidas que contraímos no passado.

Todo dia ao amanhecer a pessoa idosa pensa no fim que se aproxima velozmente, como um animal feroz que parte decididamente em direção a sua presa e vítima.    

E o idoso como uma presa fácil não esboça nenhuma reação e vai lentamente sendo engolido pelo destino trágico que impiedosamente, cruelmente e inexoravelmente não muda o seu objetivo.

O passado para o idoso é como um retrato desbotado que ao vê-lo e revê-lo, retrocedemos no tempo e sentimos saudade do que fomos. Saudades de um passado que machuca, maltrata e nos consome como uma ferida profunda.

Sem tesão e sem poder comer aquilo que mais lhe satisfaz, a pessoa idosa só encontra conforto na fé. Isso para aqueles que creem. Para aquele que não acredita na existência de um ser sobrenatural, num Deus protetor e numa religião consoladora, mais triste torna-se a vida.    

Para a pessoa idosa nem a insensatez lhe é permitido, porque é vista como ridícula pela turma jovem.

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