terça-feira, 1 de dezembro de 2020

A poesia segundo Oswaldino Marques

 

Dermografismo

 

 

Escreve-me na tua pele

Faze de meu verbo carne

Que em teu texto eu me revele

Que em tua hóstia eu me encarne.

Meu nome grafa às avessas

Na polpa de teus seios-nata

Depois ao espelho, depresa,

Me retraduz, me refrata.

Verás que a sigla  O N I D L A W S O

Em  O S W A L D I N O  se dessigla —

Deixa-me crucificado

Em tuas veias — me intriga!

 

Ou na seda de teu ventre

Abre meu verso maior

Para que, sec´los à frente

Te chamem de mulher-poema,

Sim te recitem de cor —

E se, no escuro, eu quiser

As minhas coplas reler,

Basta-me os lábios mover

Por tua demografia

Por ter cor Poesia!

 Oswaldino Marques ((1916-2003) nasceu em São Luís do Maranhão e faleceu em Brasília. Poeta, ensaísta, tradutor, teatrólogo. Viveu e participou de movimentos políticos e literários no Rio de Janeiro até ingressar na Universidade de Brasília. Esteve como professor visitante na Universidade de Michigan, EUA.

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