Contemplo o tempo
contemplo o tempo
que já não me sobra
há dentro um templo
só de deuses mortos
de quanta fé fez-se
a ruína dessa obra?
acaso este deserto
que me encara
recebe de volta
outra miragem?
será que a sede
deste agreste
inundará de ventos
meus nordestes
apagando
meus rastros rostos
restos?
eu que já fui rês
pra toda corda
eu que já fui punhal
pra todo cabra
eu que já fui pau
pra toda cobra
o que serei
após esse deslinde?
coisa livre de fim
areia aos montes
disseminando dunas
e baías
finíssima lâmina
a teus pés
se contemplas o mar
e sonhas dissolver-te
nessa esfera
súbito
grão de areia
ao vento
turva a cena
e te desperta
prazer
de me afogar
nesse dilúvio
subatômico
- lágrima irritada
que teu olho verte
contemplo o tempo
que já não me sobra
há dentro um templo
só de deuses mortos
de quanta fé fez-se
a ruína dessa obra?
acaso este deserto
que me encara
recebe de volta
outra miragem?
será que a sede
deste agreste
inundará de ventos
meus nordestes
apagando
meus rastros rostos
restos?
eu que já fui rês
pra toda corda
eu que já fui punhal
pra todo cabra
eu que já fui pau
pra toda cobra
o que serei
após esse deslinde?
coisa livre de fim
areia aos montes
disseminando dunas
e baías
finíssima lâmina
a teus pés
se contemplas o mar
e sonhas dissolver-te
nessa esfera
súbito
grão de areia
ao vento
turva a cena
e te desperta
prazer
de me afogar
nesse dilúvio
subatômico
- lágrima irritada
que teu olho verte
Maranhense de São Luís, Fernando Abreu também é letrista de música popular,
tendo entre seus parceiros, Chico César, e os maranhenses Chico Nô, Neto
Peperi, Gerson da Conceição, Zeca Baleiro e Nosly. Os três últimos gravaram
parcerias com o autor em seus discos, sendo as mais conhecidas,Alma Nova, Rock do Cachorro Doido e Guru da Galera, lançadas por Zeca Baleiro. Livros anteriores de poesia: Relatos
do Escambau (Exodus,
1998) e O
Umbigo do Mudo (Clara
Editora, 2003). Editou a revista de poemas Uns & Outros, com os
integrantes do grupo Akademia dos Párias.
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