Os seios
Como serpente
arquejante
Se enrosca em férvida areia,
Meu ávido olhar se enleia
No teu colo deslumbrante.
Quando o descobres,
no ar
Morno calor se dissolve
Do aroma, em que ele se envolve,
Como em neblina o luar.
Se ao corpo te
enrosco os braços,
A terra e os céus estremecem,
E os mundos febris parecem
Derreter-se nos espaços!
E tu nem sequer
presumes
Que então, querida, até creio,
Sorver, desfeito em perfumes,
Todo o sangue do teu seio.
Depois que aspiro,
ansiado,
Do teu níveo colo o incenso,
Minh'alma semelha um lenço
De viva essência molhado.
Deixa que a louca
se deite
Nesse torpor, que extasia,
E que o vinho do deleite
Me espume na fantasia;
Pois não há ópio ou
haschis (l)
Que me abrilhante as ideias
Como as fragrâncias sutis
Que fervem nas tuas veias!
Teófilo Odorico Dias de Mesquita (Caxias, 8 de novembro de 1854 — São Paulo, 29 de março de 1889) foi um advogado, jornalista e poeta brasileiro, sobrinho de Gonçalves Dias e Patrono na Academia Brasileira de Letras.
Filho do advogado Odorico Antônio de Mesquita, e da irmã do poeta Gonçalves Dias, D. Joana Angélica Dias de Mesquita. Sua formação inicial deu-se de 1861 a 74, em São Luís, capital do estado, no Instituto de Humanidades.
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