O Senado amanhecera nesta quarta (28) às voltas com a perspectiva de uma definição antecipada da disputa pelo comando da Casa.
Dava-se de barato que o PSDB, guindado à condição de fiel da balança, formalizaria o apoio a José Sarney, do PMDB.
No meio da tarde, o senador tucano Álvaro Dias (PSDB-PR) chegara a divulgar uma nota informando que o partido já havia fechado com Sarney.
Deu chabu, contudo. No final da noite, sentindo-se esnobada por Sarney, a cúpula do PSDB já flertava com Tião Viana, o candidato do PT.
Ao longo do dia, Sérgio Guerra (PE) e Arthur Virgílio (AM), presidente e líder do PSDB, respectivamente, haviam se reunido com Tião e Sarney.
Pediram a ambos três cargos de direção: a vice-presidência do Senado e o comando das comissões de Assuntos Econômicos e de Relações Exteriores.
Tião Viana aquiesceu prontamente. Sarney agiu como se já não dependesse dos 13 votos do PSDB para prevalecer na briga do Senado.
Acompanhado da filha Roseana, Sarney deixou no ar a hipótese de entregar alguns dos cargos pretendidos pelo PSDB a senadores de outras legendas.
A vaga de vice, por exemplo, poderia ser usada noutra composição. A presidência da comissão de Relações Exteriores talvez fosse cedida a Fernando Collor (PTB-AL).
Tião Viana, ao contrário, além de prometer os cargos pretendidos pelo PSDB, comprometeu-se, por escrito, a atender a 12 pré-condições programáticas do tucanato -da independência do Legislativo à rejeição do terceiro mandato.
À noite, em conversa com um amigo, o tucano Sérgio Guerra disse: “A conversa do Tião é mais simples. Ele diz que topa e explica como vai fazer...”
“...A conversa do Sarney não é tão simples. Há muitos partidos envolvidos. Várias lideranças. E o Sarney não assume a dianteira da negociação”.
O líder tucano Arthur Virgílio encerrou a quarta-feira numa segunda reunião com Tião Viana. O diálogo foi testemunhado pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
Virgílio fez ver a Tião que a negociação com Sarney esbarrara em contratempos.
Lero vai, lero vem Virgílio disse ter ouvido de Roseana Sarney uma informação surpreendente.
A filha de Sarney lhe dissera que Aloizio Mercadante (SP), novo líder do PT no Senado, procurara o pai dela.
Mercadante teria manifestado o interesse de abrir negociação com o morubixaba do PMDB. Algo que, se verdadeiro, idicaria a intenção de rifar a candidatura de Tião Viana.
Aturdido com a novidade, Tião tocou o telefone para Mercadante. Relatou-lhe o que acabara de ouvir de Virgílio.
Mercadante negou que houvesse conversado com Roseana. Reconheceu que respondera a um telefonema de Sarney.
Assegurou, porém, que não dissera nada que pudesse soar como traição ao companheiro de partido. Ao contrário, mais cedo, Tião Viana estivera, a convite, no Palácio do Planalto. Reunira-se com Gilberto Carvalho.
O chefe de gabinete de Lula queria sentir a temperatura da disputa que opõe os dois candidatos governistas no Senado.
Tião fora franco. Dissera que continuaria na briga. Reconhecera o potencial de Sarney. Mas ponderara que, com o apoio do PSDB, iria ao plenário com chances de vitória.
O PSDB dá toda a pinta de que, no final, acabará optando por Sarney. Mas, ao adiar a decisão, sob queixas, deu inesperada sobrevida à candidatua petista de Tião Viana.(blog Josias)
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