domingo, 27 de novembro de 2016

Todo ditador tem seu lado sombrio



Quanta injustiça e quanta maldade o ditador não faz por apego e manutenção do poder!”. (Tomazia Arouche)

É inegável que o ex-ditador Fidel Castro, falecido ontem em Havana, Cuba é um ícone da esquerda mundial. Muito mais pela sua coragem e instinto de sobrevivência, ao desafiar 11 presidentes norte-americanos, que sempre o viram como uma espinha atravessada na garganta da mais rica e poderosa nação do mundo, do que pela influência do regime cubano sobre países que lutavam pela sua independência, onde Cuba fracassou em todas as suas tentativas de exportar sua revolução.

No primeiro momento, o regime cubano de inspiração comunista, foi visto com muita admiração e respeito pelos povos subdesenvolvidos da América do Sul e da África, mas passado algumas décadas desse governo ditatorial e dominado por uma única família, uma parte do mundo que antes admirava a revolução cubana, passou a desconfiar de um regime violento que mata os seus dissidentes, contra revolucionários e que se transformou numa prisão do tamanho da ilha de Cuba, onde as pessoas são vigiadas e são obrigadas a exaltar a figura do seu ditador e “salvador da pátria”. Se assim não fosse, milhares de cubanos não teriam morrido nas masmorras desse regime cruel e impiedoso e na travessia dum mar infestado de tubarões em busca de liberdade e vida digna nos EUA, o que quase sempre resultava em morte por afogamento ou morte por ataques de tubarões famintos.

Embora o mundo inteiro reconheça os significativos avanços da República de Cuba nos campos da educação e da saúde, esses ganhos e conquistas não justificam e legitimam uma ditadura que já dura mais de 57 anos e que não dá sinais de que irá mudar de mãos e mudar de regime. Cuba passou das mãos de Fidel Castro para as mãos do seu  irmão primogênito, Raul Castro, que já anunciou que renunciará ao comando do governo em 2018, mas ninguém sabe quem irá sucedê-lo, se um novo membro da família Castro ou um dos membros do politiburo cubano. Sendo que a primeira opção é a mais provável.

O regime cubano que serviu de inspiração para a esquerda brasileira, é um dos poucos regimes comunistas ainda na face da terra, limitando-se à República Popular da China, ao Vietnam, à Coréia do Norte e à própria Cuba. No Vietnam e na China, um tanto quanto desfigurado, por um sistema hibrido de economia, onde a economia de mercado convive harmoniosamente com um sistema de livre iniciativa. O que está levando esses dois países, cada vez mais a avançar no modelo de economia capitalista, o que Cuba já deu seus primeiros passos e a Coréia do Norte continua resistindo.

A propósito, os revolucionários brasileiros que lutaram contra o regime militar, queriam implantar no Brasil um governo inspirado no regime cubano, o que se tivesse acontecido, o Brasil hoje estaria vivendo uma situação comparada à de Cuba, onde o povo embora reconheça os avanços citados acima, dizem preferir um país onde a liberdade de expressão e locomoção não passe de figura de retórica.

Por mais que queiramos ser condescendentes com o regime cubano, não podemos esquecer que esse regime é controlador, centralizador e por conseguinte ditatorial e comandado por uma única família.

A história não absolverá Fidel Castro e Raul Castro.

Por Anthony-Isaac Silvestre de Sacy Souza

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