sexta-feira, 31 de março de 2017

Pabllo Vittar: "A música empodera as pessoas"




Definitivamente, o hit do Carnaval de 2017 foi de uma drag queen. Aos 22 anos, a maranhense Pabllo Vittar brilhou e muito: colocou todo mundo para dançar com “Todo dia” e cantou ao lado de Daniela Mercury e Anitta. Conheça mais a cantora que, além de ser o mais novo fenômeno da música, tem empoderado multidões


POR RENATO GONÇALVES; FOTOS: FRANCISCO CEPEDA/AGNEWS, FILIPE REDONDO/ÉPOCA 

A carreira de Pabllo Vittar, dona de uma voz marcante, é meteórica. Começou oficialmente no Pabllo Vitar: “A música empodera as pessoas”final de 2015 com a música “Open Bar”, gravada e lançada na internet de forma totalmente independente. Os fãs não demoraram a surgir e logo Pabllo lotou casas noturnas Brasil afora, atuou em um clipe da cantora Luiza Possi (“Insight”) e passou a fazer parte, há duas temporadas, da banda do programa Amor e Sexo, comandado por Fernanda Lima.


Em 2016, seu primeiro disco, Vai Passar Mal, repleto de hits, como “Todo dia” e “Nêga”, coroou a sua estreia: já na primeira semana era o segundo disco mais baixado no iTunes, plataforma digital de música. Os três videoclipes de Pabllo Vittar já somam, juntos, mais de 20 milhões de visualizações no YouTube - marca difícil de ser conquistada por artistas que não possuem o apoio de grandes gravadoras. “Eu não esperava esse boom todo”, diz ela, ainda tentando dimensionar sua repercussão. “‘Todo dia’ tocou em diversos bloquinhos por onde passei. Até amigos que estavam no exterior durante o Carnaval me falaram que ouviram a música nas festas de lá”.

Por trás de tanto brilho, existe uma história de superação. Em um dos países mais intolerantes a pessoas trans, ser uma cantora drag queen não é nada fácil e acaba sendo uma forma de resistência. “É muito chocante, até hoje, ler que mataram alguém por conta da sua sexualidade, mas, ao mesmo tempo, essa realidade me dá coragem para poder encorajar as outras pessoas”, afirma, consciente de seu papel enquanto artista. “A música empodera as pessoas”, complementa ela, que começou a cantar aos 5 anos de idade, quando ainda morava em Santa Inês, interior do estado do Maranhão. “Eu pedia para minha mãe me levar na igreja só para cantar”. Aos 18 anos, descobriu a cultura drag e, daquele instante em diante, crescia a Pabllo Vittar, que hoje capricha no make e na voz.

Sucesso no trio de Daniela Mercury, em Salvador
Quem acompanha suas redes sociais ou assiste aos seus shows logo percebe que, de fato, a música de Pabllo tem transformado a vida de muitos jovens LGBT. “Através da minha música, eles conseguiram se aceitar, são mais felizes com a família e correm atrás de sonhos que tinham deixado para trás”.

De onde a drag queen tira tanta força? Pabllo ensina que é da auto aceitação. “A partir do momento em que você sabe quem você é, as outras pessoas não vão te derrubar”, diz ela. “Se a força não vier de você, ela não virá de mais ninguém”, completa.

Pabllo Vittar não está sozinha na missão de empoderar as pessoas. Novos artistas LGBT têm brilhado dentro e fora dos palcos. As mulheres trans Assucena Assucena e Raquel Virgínia, da banda As Bahias e a Cozinha Mineira, têm rodado o país com o show Mulher, desde 2015, e, mais recentemente, lançaram a campanha “Nós existimos”, para dar visibilidade às travestis e às pessoas trans. Liniker, Mc Linn da Quebrada e Rico Dalasam – com quem Pabllo divide a música “Todo dia” – são também alguns dos nomes que fazem parte deste momento que a drag queen considera “incrível e importante”.

Com tudo o que já conquistou, Pabllo Vittar quer mais. “Quero fazer tudo o que eu sempre quis fazer e chegar ainda mais longe”, vislumbra. Para aqueles que ainda não a conhecem, ela deixa o seu recado: “Sou uma pessoa que só quer amar e ser livre do jeito que eu sou.” Conteúdo da revista QUEM

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