quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

A poesia segundo Fernando Abreu



A loucura mostra as unhas

Sempre que a loucura mostra as unhas de gato
Para arranhar teus ossos sob a paz do beco
Deixa elétrica dor dizer na lata e a seco
Vida de gado na mesmice desse mato

Fingindo ser farinha de outro saco
Cão e gato se lambem à luz do gueto
Erguendo brindes comem o mesmo naco
Da tua carcaça crua em branco & preto

Exposto assim ninguém aguenta o tranco
Entrega os pontos antes do último ato
Um pirata perneta caolho troncho e manco
Surge do fundo para afundar teu barco

Dança com esse lobo até soltar o pêlo
No fim tem sempre um olho atrás do palco
Uiva de escalpo em punho e fim de papo
Pouco importa saber quem paga o pato.

Maranhense de São Luís, Fernando Abreu também é letrista de música popular, tendo entre seus parceiros, Chico César, e os maranhenses Chico Nô, Neto Peperi, Gerson da Conceição, Zeca Baleiro e Nosly. Os três últimos gravaram parcerias com o autor em seus discos, sendo as mais conhecidas, Alma Nova, Rock do Cachorro Doido e Guru da Galera, lançadas por Zeca Baleiro.

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