A crueldade do tenebroso espetáculo da miséria
e do empobrecimento e as vozes fantasmagóricas do desemprego e da fome
abjeta, são insensíveis aos nossos governantes.
E é essa insensibilidade que somada à imoralidade administrativa que
cria o ambiente propicio à desobediência civil e a busca de uma saída através
da violência. A violência da fome provoca outro tipo de violência: a violência
que leva a pessoa extremamente necessitada a praticar roubos e furtos, o que muitas
das vezes acaba em morte. A violência provocada pela pobreza ou miséria extrema
é uma reação natural de parte de quem precisa sobreviver de algum modo.
O furto famélico, por exemplo, ocorre quando alguém furta
para saciar uma necessidade urgente e relevante. É a pessoa que furta para
comer pois, se não furtasse, morreria de fome. Mas o furto famélico não existe
apenas para saciar a fome. Alguém que furta um remédio essencial para sua
saúde, um cobertor em uma noite de frio, ou roupas mínimas para se vestir,
também pode estar cometendo furto famélico.
Nas sociedades capitalistas que rezam na
cartilha do “deus mercado e do neoliberalismo”, cujos templos são os Shopping
Centers; uma espécie de religião que atrai seus adeptos para o mercado, os
governantes, via de regra, trabalham em favor dos ricos e potenciais financiadores
de campanhas e esquecem os pobres, marginalizados e excluídos.
“Antes, quando as pessoas se
sentiam pecadoras ou impuras, elas iam à Igreja para recuperar a humanidade, a
pureza e sanidade. Hoje, quando se sentem tristes, elas vão ao shopping.
Verdadeiras catedrais modernas”, diz o professor Jung Mo Sung.
Essa saída para os problemas existenciais é um meio de fuga da elite rica. Já o
pobre que vive excluído de bens essenciais, esse busca os templos
neopentecostais em busca de consolo e conforto espiritual que faz cessar
momentaneamente a fome física.
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