Duplo Ruim
Toda
existência
é voraz.
Todo ser
deveria ser só.
Não unir-se
nunca, jamais,
não
enroscar-se a nenhum pó.
Ter por casa
o mundo todo.
Ter por lar
o que é do chão.
Carne, ó
dinheiro de um soldo
ganho só com
maldição!
Vilipendiar-se?
Por quê?
Unir-se a
outro? Mas com qual?
Ser um só,
para mais ser,
fruto embora
de um casal.
Toda
existência é nenhuma,
Se feita
para outra , em dois.
Role o mar,
eterna espuma,
Presente
ontem e depois.
Nauro Diniz Machado (São Luís, 2 de agosto de 1935 –
São Luís, 28 de novembro de 2015), foi um poeta e escritor brasileiro. Poeta
autodidata com vasto conhecimento em artes e filosofia. Comparado por alguns
críticos a Fernando Pessoa, é original por ser poeta universal entre seus
contemporâneos mais imediatos, como Ferreira Gullar, Lago Burnett, José Chagas
e Bandeira Tribuzi. Se Gullar questiona a própria forma poética, Nauro Machado
questionava a própria essência e destinação do ser humano, sem deixar de
cultivar uma linguagem poética e uma técnica de versos exemplares.
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