“O racismo é estrutural, porque engloba aspectos históricos, políticos, sociais, jurídicos, institucionais e éticos. ” (Ligia Fonseca Ferreira é professora da Universidade Federal de São Paulo)
Racismo é um tema que no Brasil nunca foi tratado com a seriedade e a responsabilidade que esta questão requer. Com certas autoridades de grande respeitabilidade, tratando esse assunto de maneira inconsequente e por que não dizer irresponsável, ao afirmarem que o este país é o paraíso da democracia racial e da harmonia social. Conceitos que negam o racismo.
No livro Casa-Grande & Senzala do festejado historiador e sociólogo pernambucano Gilberto Freire, as teorias da democracia racial e da harmonia social foram sistematizadas e ganharam relevo na reafirmação de uma imagem idílica da realidade brasileira, embora o autor não negasse a existência de violência e desigualdade existentes no país. O que hoje é questionada por historiadores e sociólogos que estudam o racismo no Brasil.
No Brasil, não existe democracia racial e muito menos, harmonia social, porque o negro continua confinado nos guetos e poucos são aqueles que fogem ao determinismo histórico. Querem um exemplo da condição de vida do negro no Brasil e a falta de oportunidade para que o negro brasileiro possa ascender socialmente? Basta observamos o reduzidíssimo número de negros nas universidades públicas e privadas, nas Forças Armadas a nível de oficialato e na Suprema Corte, onde entre os seus 11 membros, nem mulato existe, que dirá negro!
Um exemplo mais próximo: quem se der ao trabalho de percorrer a área comercial (zona comercial) da sede do município de São Raimundo Nonato, município localizado no semiárido piauiense, percebe a ausência de mulheres e homens negros no comércio (lojas comerciais). Até parece que vivemos no país ariano, porque só trabalham brancos, quando muito mestiços, pessoas com aparência de indiano, dado a miscigenação entre negros, amarelos e brancos.
O racismo como definição é uma manifestação das estruturas do capitalismo, que foram forjadas pela escravidão. Isso significa dizer que a desigualdade racial é um elemento constitutivo das relações de mercado e de classe social. Com o negro sendo sempre preterido num mercado de trabalho que exige do trabalhador, além da boa escolaridade, a cor branca ou parda.
Por Tomazia Arouche
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