terça-feira, 29 de junho de 2021

Da série grandes personalidades maranhenses: o violonista, compositor e musicólogo Turíbio Santos

 


Turíbio Soares Santos (São Luís, 7 de março 1943) é violonista, compositor e musicólogo brasileiro.

Turíbio Soares Santos é natural de São Luís, Maranhão, nascido em 7 de março de 1943. Ainda na infância, ele e sua família passaram a ter residência no Rio de Janeiro.[1][2]

A sua motivação para a carreira de músico e influência musical se deve aos seus pais, em que seu pai também era um violonista, tendo realizado algumas apresentações, além de ser seresteiro. Sua mãe o motivou a se matricular em cursos de música, onde teve entre os seus professores Antônio Rebelo e Oscar Cáceres. Outra grande influência foi Heitor Villa-Lobos, a quem passou a apreciar a obra ainda quando era adolescente. Chegou a ser convidado por Arminda Villa-Lobos e Hermínio Bello de Carvalho a gravar os Doze Estudos do compositor como parte do acervo do Museu Villa-Lobos.[1][2]

Ainda jovem, iniciou a carreira internacional, percorrendo os cinco continentes e contando com um repertório majoritariamente composto por obras da música brasileira, e adquirindo um prêmio em Paris na ORTF em 1965. Contou também com boas avaliações dos críticos do periódico The New York Times, Le Figaro, entre outros.[1]

Em 1986, foi convidado para a direção do Museu Villa-Lobos, função que realizou até 2010. Também foi responsável por criar os primeiros cursos de violão na UFRJ e também na UNIRIO, além de ter fundado em 1983 a Orquestra Brasileira de Violões.[1][2]

Ao longo de sua carreira, acumulou uma discografia de mais de setenta álbuns.[1]

Foi indicado para assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Música (ABM) e também na Academia Maranhense de Letras (AML). Entre as homenagens, foi condecorado com o grau de oficial da Ordem do Cruzeiro do Sul e da Légion d’Honneur.

Turíbio Santos na Academia Maranhense de Letras

Turíbio Soares Santos nasceu em 07/03/43 em São Luís do Maranhão. Seu pai, Turíbio Soares da Silva Santos Filho e sua mãe, Neide Lobato Soares Santos, também maranhenses, eram pessoas alegres, amantes da música e das serestas. A família radicou-se no Rio de Janeiro em 1946, trazendo a irmã recém-nascida de Turíbio, Giselda. Os irmãos Ronaldo e Cláudio nasceram no Rio de Janeiro respectivamente em 1948 e 1955.
Na chegada, a família hospedou-se com os avós de Turíbio, Dona Martiniana e seu Isaac Lobato, na Tijuca. Mais tarde mudaram-se para Copacabana, em 1948, num dos primeiros prédios da Avenida Nossa Senhora de Copacabana o 109, no posto Dois.
Nesse endereço a família recebia em 1950, as irmãs mais velhas de Turíbio, do primeiro matrimônio do pai, Lilah e Conceição vindas do Maranhão. Elas, como o pai, eram seresteiras e gostavam de um violão. O pequeno Turíbio, acostumado a ouvir o pai e as irmãs, aos 12 anos de idade pediu a mãe para aprender o instrumento. As primeiras aulas serão com Molina e Francisco Amaral, professores das irmãs. Os progressos são muito rápidos e surpreendem a família.
Em 1955, assiste na companhia de seu pai, um filme do mestre espanhol Andrés Segóvia na Embaixada dos Estados Unidos no Rio. Nessa noite conhece três personagens importantes na sua vida: Antônio Rebello (que viria a ser seu professor de violão), Hermínio Bello de Carvalho (poeta, produtor e aluno de Antônio Rebello) e Jodacil Damasceno (violonista assistente de Antônio Rebello). Com Rebello formará uma sólida base profissional, Jodacil vai lhe mostrar todo o universo do violão clássico e Hermínio o da música popular com os amigos Jacó do Bandolim, Ismael Silva, Paulinho da Viola, Clementina de Jesus, Araci de Almeida, Dino 7 cordas, César Farias, Nicanor Teixeira, Elizeth Cardoso, Radamés Gnattali e Pixinguinha.

Turíbio Santos, um humanista brasileiro

Um dos grandes nomes do violão, Turíbio Santos comemora cinquenta anos de atividades musicais

Por Clovis Marques

Se o humanismo é a ação impregnada de sentido arraigado no tempo-espaço, Turíbio Santos, cuja carreira completa cinquenta anos, é um humanista brasileiro. Maranhense de alma cosmopolita, seu nome é sinônimo de violão no Brasil. Essa identificação decorre de uma arte feita de transcendência técnica e expressiva (os recortes da crítica, inclusive internacional, do Times de Londres ao Fígaro de Paris, são eloquentes), mas também da multiplicidade dos focos, de uma projeção profissional de pioneiro em várias direções... e da simpatia.

Turíbio publicou há dez anos um livro de recordações – Mentiras... ou não? Uma quase autobiografia (Zahar) –, no qual encontro uma chave dessa presença dele. Num capítulo sobre a carreira de concertista globe-trotter, a primeira de um violonista brasileiro, iniciada em 1965 com a vitória no importante concurso da Radiotelevisão Francesa, ele conta que depois de quinze ou vinte anos na dureza da vida de inerência e dedicação tomou uma decisão: “Durante dez anos, apliquei-me no projeto de transformar aquele intruso na minha alma – o concertista – em um ser que contribuísse para a felicidade dos meus e o enriquecimento de um princípio cultural muito além da virtuosidade e do nome nos cartazes. (...) Hoje vejo o ‘concertista’ com gratidão. Ele levou-me distante e me trouxe para mais perto de mim mesmo. (...) Aprendi uma das maiores lições desta vida – o maior tesouro está dentro da gente, dentro do peito, onde pode se apoiar um violão”.

No contato pessoal, Turíbio irradia informalidade direta e intensidade do momento (vale a pena ouvir o programa dedicado a ele na Rádio Cultura FM, em 2006, por outro grande violonista brasileiro, Fabio Zanon.

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