domingo, 25 de julho de 2021

Da série grandes personalidades maranhenses: o cantor, compositor, músico e livreiro Josias Sobrinho

 


Josias Sobrinho é um gênio limitado pelo regionalismo e pela localização geográfica do seu estado. O estado do Maranhão que fica muito longe dos grandes centros urbanos como Rio de Janeiro e São Paulo. “ (Severino Arouche)

Josias Silva Sobrinho
Penalva (MA), Brasil - 15/07/1953
Compositor, violonista e cantor.

Começou profissionalmente na década de 70, ao ingressar no LABORARTE, onde pôde aprimorar o estudo das manifestações musicais do Estado, na tentativa de desenvolver um trabalho musical fincado nas raízes populares de sua terra. Entre 1971 e 1972, residindo em Belo Horizonte (MG), iniciou um trabalho de composição popular. Em 1974, estudou violão clássico na Escola de Música do Estado do Maranhão com João Pedro Borges. Estudou flauta doce com Clemens Hilbert. Chegou a tocar flauta transversa com o Tonga Trio.

Em 1978, teve quatro de suas canções, da fase em que atuava no LABORARTE, (Catirina, Dente de ouro, De Cajari p’ra capital e Engenho de flores), incluídas no LP Bandeira de aço, do maranhense Papete, lançado pelo selo Marcos Pereira, iniciando aí uma trajetória de gravações nacionais e locais bastante significativa. Em 1976, fez sua estréia como cantor e compositor no palco do Teatro Arthur Azevedo, no show Brincadeira, dividindo a cena com Sergio Habibe e com o grupo Pega p’ra capar.

Participou, em 1977, com César Teixeira, Zé Américo e Ubiratan Sousa, do show Show do mato, dos artistas Giordano Mochel e Ronaldo Mota; e de show no I Encontro de Compositores Maranhenses, realizado no Parque do Bom Menino, com Sergio Habibe, Chico Maranhão, César Teixeira, Giordano Mochel, Augusto Tampinha e Cláudio Popó. Depois da experiência no LABORARTE, criou, junto com Beto Pereira, Manuel Pacifico, Mauro Travincas, Tião Carvalho, Vitório Marinho e Baixinho Serêjo, o Grupo Rabo de Vaca, que teve cinco anos de existência e contribui para a fixação de novos paradigmas para a música maranhense.

Em 1979, apresentou, no auditório do Museu Histórico e Artístico do Maranhão, o show Rabo de vaca, como parte do projeto Temporada de Férias, com a participação do compositor Agostinho Reis. Na década de 80, na militância cultural, coordenou, com Rosa Reis, Joãozinho Ribeiro e Cláudio Pinheiro, o projeto Corre Beirada, com apresentações coletivas e itinerantes em bairros da periferia de São Luís. Em 1981, participou do show Bichos da Ilha, apresentado no Teatro Arthur Azevedo, juntamente com Joãozinho Ribeiro, Lourival Tavares, Ângela Gullar, Omar Cutrim e outros. Em 1984, apresentou o show Nossos primeiros passos, no Bar Cantaria, com participação de Chico Maranhão e Antonio Vieira, dentro da programação artística do movimento Atenção São Luís.

Apresentou, no Teatro Arthur Azevedo, junto com Omar Cutrim, o show Lua d’água (em 1985) e participou do show comemorativo dos quatro anos da Radio Mirante FM, realizado no Estádio Nhozinho Santos, com Zé Renato, Marina Lima, Vicente Barreto, Cláudio Nucci, Ronaldo Mota, Jorge Thadeu, Cláudio Valente, Gerude, Ronald Pinheiro, Tutuca, Sergio Habibe, Hilton Assunção, Cláudio Pinheiro e Gabriel Melônio. Em 1986, participou, como compositor, cantor e ator, com Sergio Habibe e Ronald Pinheiro, do musical Bombarquinho, criado e dirigido por Tácito Borralho. No mesmo ano, apresentou-se, ao lado de Sergio Habibe, Sueldo e João Penca e seus Miquinhos Amestrados, no Projeto Pixinguinha, realizado no Espaço Cultural; no show solo no Teatro Artur Azevedo; e no encerramento do I Seminário Mirante de Música, realizado no Sofitel Quatro Rodas.

Em 1987, apresentou, com Joãozinho Ribeiro, o show Conversa de botequim, em homenagem a Noel Rosa, nos 50 anos de morte do compositor; participou, em Osasco (SP), do projeto Canto de Julho; apresentou-se, na II Feira do Comércio e Indústria do Maranhão - FECIMA. Em 1988, compôs, em parceria com Cleto Júnior, o samba-enredo da escola de samba Unidos de Fátima, O quebrar das algemas no país da Norte-Sul; apresentou uma série de shows em Belo Horizonte; e gravou o programa Arrumação, apresentado por Saulo Laranjeiras, na TVE Minas. Em 1989, apresentou, com Rogéryo du Maranhão, no Teatro Artur Azevedo, o show Repente noturno.

Nos anos de 1993 e 1995, participou, como intérprete, dos discos do Boi de Nina Rodrigues, cantando Boizinho de aquarela, de Elder e Chico Poeta e Revolta dos Balaios, de Concita Braga, respectivamente. Em 2001, trabalhou como auxiliar de curadoria para os estados do Maranhão e Piauí, no projeto Rumos Musicais Itaú Cultural.

Tem, entre seus intérpretes, Diana Pequeno (Engenho de flores), Alcione (Bloco de rua), Beto Pereira, Xuxa (Vaqueiro, vai buscar meu boi), Leci Brandão (Rosa Maria), Papete, Rita Ribeiro (O biltre), Cláudio Pinheiro, Rosa Reis, Pena Branca e Xavantinho, Ceumar (As perigosas e Rosa Maria), Rolando Boldrin (Quadrilha), Paula Santoro (As perigosas), Tião Carvalho (Dente de ouro), Daffé, Flávia Bittencourt (Terra de Noel), Lourival Tavares, Cláudio Lima, Soraya Alhadef, Rodrigo Caracas, Boi Pirilampo, Banda Ilha, Augusto Bastos e Bianca.

Com poucos parceiros, tem, com Beto Pereira, dividido muitas criações, como Menina da praia, Bloco de rua, Mana, Chega na janela e outras. Participou do Festival Carrefour de Música Popular, por dois anos, ficando em 2º lugar, em 1993, com a música Cabocla de Cena, em parceria com Beto Pereira; do Festival de Música de Grajaú, ficando em 4° Lugar, com a música Tristeza, amor e viola, defendida por Daffé; do Canta Nordeste, ficando em 4º lugar, por duas vezes, com as músicas Tristeza, amor e viola e Nosso neném; e do Festival Maranhense de Música Carnavalesca, em 2001, com a música Meu calhambeque.

Escreveu, para o teatro, as peças: João paneiro, Cavaleiro do destino e Quem pariu Mateus (1988), todas em parceria com Tácito Borralho e reunidas no livro Palco do Imaginário Maranhense (Sioge, São Luís, 1993). Musicou as peças: Pedreira das almas, Aluga-se uma barriga e Aves de arribação, montadas por Aldo Leite; Árvore dos mamulengos e Folia dos três bois, montagens do Grupo GRITA; Maré-memória, Cuidado criança, Auto da estrela esperança e João Paneiro, montagens do LABORARTE; No país dos prequetés, montagem do grupo Artemanas; e Raio de luar, montagem do grupo Mise-en-scène. Em 1980, teve as composições Engenho de flores, incluída na coletânea da Marcus Pereira Discos, e Nosso chão, interpretada por Papete, onde também aparecem Chico Maranhão, César Teixeira, Elomar e outros. Em 1996, compôs, em parceria com Papete, a trilha sonora original da Ópera-Boi Catirina, espétáculo de Fernando Bicudo.

Recebeu os prêmios: Mambembe, categoria especial, em 1978, por O cavaleiro do destino; melhor trilha sonora no Festival de Teatro de Erichim (RS), em 1997, com o espetáculo Folia dos Três Bois; melhor trilha sonora no Festival de Super-8, em Aracaju, com o filme Os Pregoeiros de São Luís, de Murilo Santos, em 1976; melhor compositor de 1996, em pesquisa realizada entre músicos pelo Sistema Mirante; e Prêmio Universidade FM, melhor compositor, em 1997, com a música O biltre, gravada pela cantora Rita Ribeiro.

Em 1999, tocou na Alemanha, nas cidades de Munique e Freising. Como presidente da Fundação Municipal de Cultura, foi um dos coordenadores do Festival Internacional de Música de São Luís, em sua primeira edição, realizada em setembro de 2002, tendo se apresentado no palco da Praça Nauro Machado. Em 2003, realizou os shows Josias Sobrinho & A Cabroeira, Praça da MPB (Santa Inês), Canja da terça (Pedreiras) e Minha terra tem tambor de crioula, com Antonio Vieira e Convidados.

Em 2004, participou, com Ronald Pinheiro e Humberto do Maracanã, do show de Zeca Baleiro, na inauguração da Praça Maria Aragão, em São Luís; gravou um CD para a gravadora CPC-UMES, produzido por Papete, com participações de Zeca Baleiro, Papete, César Nascimento e Lenita Pinheiro; foi homenageado pelo Bar Antigamente, com uma mesa batizada com seu nome; iniciou, com mais oito artistas, o projeto Concha Musical, realizado na concha acústica da Lagoa da Jansen e idealizado com o propósito de reafirmar a posição de destaque da produção local; e realizou o show Eu e meus companheiros, com Chico Saldanha e Joãozinho Ribeiro, em São Luís, Bauru e São Paulo. Participou, ainda nesse ano, do projeto São Paulo recebe o Maranhão, com Vanessa Bumagny, Joãozinho Ribeiro, Kleber Albuquerque, Chico Saldanha, Luís Tatit e Zeca Baleiro, realizado no Sesc Pompéia (SP); e da Caravana FUNARTE Nordeste, com Rosa Reis, LABORARTE, Cacuriá de Dona Teté e Tambor de Mestre Gonçalinho, em Aracajú e Laranjeiras (SE) e Recife e Olinda (PE);

Em 2005, participou do Festival da América do Sul, em Corumbá-MS e Porto Quijarro, Bolívia; lançou, na sala Funarte Cassia Eller Brasília, o CD Dente de Ouro, deu continuidade ao projeto Concha Musical; recebeu os prêmios Universidade FM de melhor compositor e melhor CD do ano; teve uma composição sua, a música Terra Noel, incluída na trilha sonora da novela América da Rede Globo, foi citado pelo poeta Aldir Blanc, em pesquisa nacional sobre o samba, no livro “Heranças do Samba”; compôs para o Canal Futura, de Fundação Roberto Marinho, uma série de vinhetas sobre os ritmos maranhenses.

 

 

Engenho de Flores

Gravado em 1987, no Estúdio Eldorado SP, contando com arranjos de Heraldo do Monte, Ney Marques, Italo Peron, Ubiratan Souza, Edinho Cruz Miguel, Haroldo Filho e Klecius Albuquerque. Músicos participantes: Heraldo do Monte, Toninho Carrasqueira, Marcelo Calderazzo, Ronaldo Basbaun, Erivaldo Gomes, Manoel pacífico, Claudio Tranjan, Giordano Mochel, Klecius Albuquierque, Naná, Nenê, Tatá, Chico Saldanha, Ubiratan Souza, Toinho Ferraguti, Carla Amoni, Edmilson Capelupi, Bosco, Gil, Vinícius, Jota, Xavier e participação especial de João Bá. Álbum autoral de estreia do compositor como interprete.

Terra de Noel

Betto Pereira e sua versão intimista, bonita e só dele, de Terra de Noel. Música que tanta vezes tocamos juntos no repertório do Rabo de Vaca e que tem também interpretação de Flávia Bittencourt que chegou a trilha sonora da novela América, da TV Globo. Gravada inicialmente por mim no LP Engenho de Flores, foi gravada também por Lourival Tavares e é um dos hits do samba maranhense presente em muitos momentos do samba da minha terra.

 

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