Neste meu ensaio sobre a velhice, eu começo afirmando que na velhice não há nada de épico, não glória e não há nenhuma virtude, porque envelhecer é um processo que leva à pessoa idosa a sofrer com a falência dos órgãos. Uma falência que na medida em que o tempo vai passando a pessoa idosa passa a convier com a perda de vigor, a perda de vitalidade, com a perda de potência, a perda de entusiasmo, a perda da visão, com a perda do tesão e com o fim dos sonhos e da fantasia.
As pessoas não se tornam velhas de repente, nem todos com a mesma idade, assim como não se tornam adultas no dia em que chegam à maioridade legal. São processos, onde cada indivíduo tem sua história, sua vivência, seus vínculos e seus cuidados. Além disso, existe o fator aleatório, o qual pode determinar o acometimento de uma doença crônica e incapacitante com a perda total ou parcial de autonomia e independência, tornando um cidadão frágil.
A dependência ou a perda de autonomia fazem parte de todos os ciclos de vida, em menor ou maior grau: dependência de mobilidade, dependência social, afetiva, financeira, física, etc. Cuidar do idoso, em todas as disciplinas, precisa ter um enfoque no sentido emocional e social, além do corporal. Cuidar: ouvir, tocar e olhar! Não é criar um modelo, mas observar a necessidade individual de cada ser.
A perda da autonomia do idoso mostra-se quando a pessoa assistida já não consegue tomar decisões sozinhas e nem organizar suas coisas sem depender de alguém. Seja qual for o grau de dependência do idoso, ele deve sempre ser estimulado a se auto cuidar, mesmo que parcialmente, dentro de suas possibilidades e condições.
Certa vez eu encontrei num supermercado de Teresina, com a filha de uma velha amiga minha que ao ser perguntada sobre a sua mãe, ela me respondeu:
- Você não sabia que a minha mãe e sua amiga Mazé, faleceu há um mês?
- Não, juro que não sabia!
- A filha da minha amiga Mazé, antes que eu perguntasse foi logo dizendo: Perder algúem que se ama não é fácil, mas o que nos conforta a todos é sabermos que ela não sofreu em cima de uma cama. O que ela tanto temia. Minha mãe sempre dizia que não tinha medo da morte, mas da cama, porque quem sofre em cima de uma cama, perde autonomia, não tem autonomia.
- O que eu concordei de pronto.
Por Tomazia Arouche
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