ANDRA HAHN - Agencia Estado
PORTO ALEGRE (RS) - O presidente regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Rio Grande do Sul, dom José Mario Stroeher, defendeu hoje o delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha. Sem citar o nome do policial, d. Stroeher criticou a "classe dirigente" e pôs em dúvida o interesse dos políticos em realizar reformas. "Quem está sendo criminalizado é o delegado", enquanto o banqueiro está solto, disse d. Stroeher, sem identificar os nomes de Protógenes e de Daniel Dantas, que foi preso na Satiagraha e libertado por habeas-corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
A manifestação foi feita em audiência pública organizada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa gaúcha, que contou também com a participação do ministro da Justiça, Tarso Genro. O bispo também criticou "uma casta de privilegiados" que "suga as tetas da nação" e considerou que "a classe dirigente em geral" acaba atuando a serviço do poder econômico. "Será que a classe política quer as reformas ou vão perder o pedágio que lhe é pago?", indagou.
Para o ministro, fala-se com maior frequência em corrupção do Estado porque ela é cada vez mais combatida. No entanto, o "maior escândalo" recente veio da iniciativa privada, em sua visão, referindo-se às origens da atual crise financeira internacional. "Veio do subprime norte-americano, do grande engendramento e falsificação originária da acumulação sem trabalho", disse ele, sobre os títulos de hipotecas de alto risco negociados nos Estados Unidos.
Genro defendeu a atuação da PF e afirmou que a instituição não investiga "só os crimes de baixo". Os "tubarões" que controlam o crime organizado "não moram na favela", disse o ministro, e estão às vezes "nas altas esferas". Conforme Tarso, "se alguém tem esperança que com algum tipo de pressão a Polícia Federal vai deixar de investigar o crime organizado nas altas esferas do País, pode perder a esperança."
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