por Marcelo Carneiro da Cunha
Pois um sonoro ho ho ho aos estimados sulvinteumenses que por algum motivo vierem a acessar a coluna nessa semana que prova a existência do limbo. Cá estamos, cá respiramos e existimos, mesmo que sem muita utilidade nesses dias em que o mundo funciona a meio vapor.
E cá estava eu, meio-vaporizando, quando lembrei de uma troca de tuíters na semana passada, deputada Manuela e eu, após aquela nota descabeçada do PC do B de apoio ao segundo ditador da dinastia que comanda aquele pobre país e seu esquisitíssimo sistema de poder.
Cuma? Solidariedade para com ditadores é coisa de maluco, ou de quem gosta de ditadura, ao menos aqui em casa, e creio que a nossa Constituição diz que o Brasil é uma democracia e que o estado de direito é uma condição essencial para o nosso modelo político. Partidos que pretendam participar desse jogo político têm que, TÊM QUE defender a democracia, ou precisam ir jogar outro jogo, em outro local.
Um partido que defende ditaduras tem razão de existir entre nós?
E não falo aqui de se proibir a existência de um ou outro partido, legalmente falando. Quero simplesmente perguntar aos meus ilustres sulvinteumenses se faz sentido sustentá-los. Eu nunca entendi por que o PT deveria fazer aliança com o PC do B e similares ultrapassados. Se os caras querem existir, que existam. Mas nós precisamos manter o tubo de oxigênio funcionando e o corpo na CTI, e isso custa caro. Por quê, para quê?
As coisas do passado podem muito bem seguirem sendo importantes e merecendo o seu espaço. Mas nem todas, e muito menos as que deveriam ter permanecido por lá.
O populismo tentou voltar após a retomada democrática, e o que fizemos com ele? O tornamos esses esqueléticos PDT e PTB, que até respiram, mas não fazem muito mais do que isso. A velha direita arcaica tentou e olhem no que Arena, PFL e DEM viraram. Viraram o que tinham que virar, em uma sociedade contemporânea. Pó, que está em toda parte, mas segue sendo pó.
E não entendo essa insistência com o PC do B. O que os caras fizeram em toda sua existência para merecer o nosso carinho e o nosso apoio? Foram maoístas, resolveram que a Albânia era o maior barato, e mais recentemente decidiram contribuir salvando os Esportes e a ANP. O que o PC do B acrescentou ao Ministério dos Esportes? Agora que o petróleo vazou, o que adiantou os nossos bravos defensores pcdobistas estarem lá, firmes e fortes? Pra que manter vivo um sistema desses, dando a eles os espaços e as verbas que os garantem sobre a Terra, quando mais nada o faz?
Esses partidos representaram um movimento importante no século 20, que propunha uma alternativa ao capitalismo e queria criar um novo homem. Aqui na minha Enciclopédia de Desastres da História, boa parte deles foi consequência dessas tentativas de criar o novo homem, que em geral, falham por se esquecer de um detalhe. Nós.
No terrível século 20, no novinho e ainda indefinido século 21, o que existe de pior são os regimes totalitários, e eles são ditaduras de qualquer lado do espectro e as terríveis teocracias. Quem torce por eles, torce contra a gente. E foi isso que o PC do B fez, na semana passada.
A Coreia do Norte, caros leitores, não passa de um parque temático para uma certa ultra-direita da esquerda ficar dizendo que o capitalismo não venceu e que existem locais de resistência nesse mundo. Líbia, Zimbabwe, Venezuela, Coreia.
Quem paga a conta dessas disneilandias? Povos que precisam sim de solidariedade, que, se for sincera, tem que ser a favor dos povos e contra as ditaduras.
O PC do B agiu como um tio senil que a gente deixa morar no sótão, mas que infelizmente tem a mania de dar tiros na rua, felizmente não acertando em ninguém. Pois na semana passada, ele acertou em alguém, em todo mundo que mantém uma relação de dignidade com a vida e com o que existe de certo nessa tranqueira que é o nosso planeta.
Perguntei à deputada Manuela o que ela achava da nota do seu partido, e ela me mandou ler o que ela teria dito a respeito. Li, e era apenas algo como “é normal que a gente não concorde com tudo que lideranças do partido dizem” – me corrijam se erro algo no tom ou no sentido do que ela falou. Sim, é normal discordar com lideranças do partido. Mas o quanto ela concordou com o que eles disseram? Se concordou, mesmo que um pouco, isso me parece preocupante. Se discordou em tudo, o que seria correto, o que ela faz nesse partido?
Eu acredito em ideologia. Acredito em prestar atenção no que os partidos pretendem, porque se eleitos, é para colocar isso em prática. E acho que o que o PC do B disse o torna inelegível. A deputada quer ser prefeita de Porto Alegre pelo PC do B. Agora seria um bom momento para ela dizer o quanto do que pretende como prefeita tem a ver com as crenças do seu partido, e o quanto ele conta ou não no processo. Se pouco, ou nada, como imagino, a pergunta é: pra que partido, ou mais especificamente por que esse? Fonte: Sul21.com.br
siga no Twitter e no Facebook ao blog Dom Severino ( severino-neto.blogspot.com) @domseverino
Pois um sonoro ho ho ho aos estimados sulvinteumenses que por algum motivo vierem a acessar a coluna nessa semana que prova a existência do limbo. Cá estamos, cá respiramos e existimos, mesmo que sem muita utilidade nesses dias em que o mundo funciona a meio vapor.
E cá estava eu, meio-vaporizando, quando lembrei de uma troca de tuíters na semana passada, deputada Manuela e eu, após aquela nota descabeçada do PC do B de apoio ao segundo ditador da dinastia que comanda aquele pobre país e seu esquisitíssimo sistema de poder.
Cuma? Solidariedade para com ditadores é coisa de maluco, ou de quem gosta de ditadura, ao menos aqui em casa, e creio que a nossa Constituição diz que o Brasil é uma democracia e que o estado de direito é uma condição essencial para o nosso modelo político. Partidos que pretendam participar desse jogo político têm que, TÊM QUE defender a democracia, ou precisam ir jogar outro jogo, em outro local.
Um partido que defende ditaduras tem razão de existir entre nós?
E não falo aqui de se proibir a existência de um ou outro partido, legalmente falando. Quero simplesmente perguntar aos meus ilustres sulvinteumenses se faz sentido sustentá-los. Eu nunca entendi por que o PT deveria fazer aliança com o PC do B e similares ultrapassados. Se os caras querem existir, que existam. Mas nós precisamos manter o tubo de oxigênio funcionando e o corpo na CTI, e isso custa caro. Por quê, para quê?
As coisas do passado podem muito bem seguirem sendo importantes e merecendo o seu espaço. Mas nem todas, e muito menos as que deveriam ter permanecido por lá.
O populismo tentou voltar após a retomada democrática, e o que fizemos com ele? O tornamos esses esqueléticos PDT e PTB, que até respiram, mas não fazem muito mais do que isso. A velha direita arcaica tentou e olhem no que Arena, PFL e DEM viraram. Viraram o que tinham que virar, em uma sociedade contemporânea. Pó, que está em toda parte, mas segue sendo pó.
E não entendo essa insistência com o PC do B. O que os caras fizeram em toda sua existência para merecer o nosso carinho e o nosso apoio? Foram maoístas, resolveram que a Albânia era o maior barato, e mais recentemente decidiram contribuir salvando os Esportes e a ANP. O que o PC do B acrescentou ao Ministério dos Esportes? Agora que o petróleo vazou, o que adiantou os nossos bravos defensores pcdobistas estarem lá, firmes e fortes? Pra que manter vivo um sistema desses, dando a eles os espaços e as verbas que os garantem sobre a Terra, quando mais nada o faz?
Esses partidos representaram um movimento importante no século 20, que propunha uma alternativa ao capitalismo e queria criar um novo homem. Aqui na minha Enciclopédia de Desastres da História, boa parte deles foi consequência dessas tentativas de criar o novo homem, que em geral, falham por se esquecer de um detalhe. Nós.
No terrível século 20, no novinho e ainda indefinido século 21, o que existe de pior são os regimes totalitários, e eles são ditaduras de qualquer lado do espectro e as terríveis teocracias. Quem torce por eles, torce contra a gente. E foi isso que o PC do B fez, na semana passada.
A Coreia do Norte, caros leitores, não passa de um parque temático para uma certa ultra-direita da esquerda ficar dizendo que o capitalismo não venceu e que existem locais de resistência nesse mundo. Líbia, Zimbabwe, Venezuela, Coreia.
Quem paga a conta dessas disneilandias? Povos que precisam sim de solidariedade, que, se for sincera, tem que ser a favor dos povos e contra as ditaduras.
O PC do B agiu como um tio senil que a gente deixa morar no sótão, mas que infelizmente tem a mania de dar tiros na rua, felizmente não acertando em ninguém. Pois na semana passada, ele acertou em alguém, em todo mundo que mantém uma relação de dignidade com a vida e com o que existe de certo nessa tranqueira que é o nosso planeta.
Perguntei à deputada Manuela o que ela achava da nota do seu partido, e ela me mandou ler o que ela teria dito a respeito. Li, e era apenas algo como “é normal que a gente não concorde com tudo que lideranças do partido dizem” – me corrijam se erro algo no tom ou no sentido do que ela falou. Sim, é normal discordar com lideranças do partido. Mas o quanto ela concordou com o que eles disseram? Se concordou, mesmo que um pouco, isso me parece preocupante. Se discordou em tudo, o que seria correto, o que ela faz nesse partido?
Eu acredito em ideologia. Acredito em prestar atenção no que os partidos pretendem, porque se eleitos, é para colocar isso em prática. E acho que o que o PC do B disse o torna inelegível. A deputada quer ser prefeita de Porto Alegre pelo PC do B. Agora seria um bom momento para ela dizer o quanto do que pretende como prefeita tem a ver com as crenças do seu partido, e o quanto ele conta ou não no processo. Se pouco, ou nada, como imagino, a pergunta é: pra que partido, ou mais especificamente por que esse? Fonte: Sul21.com.br
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