LITANIA DA VELHA
O corpo da velha pesado de panos e ossos são ondas de enjôo.
Os chinelos falidos arrastam desejos frustrados deixados ao chão.
O andar de tão trôpego inventa uma dança entre carros e homens.
O passo se ausenta na passagem dos erros e projeta o desastre.
As pernas se vergam para juntar o achado da inútil valia.
As mãos tateantes recolhem a moeda atirada ao desprezo.
A precisão avalia e guarda com zelo a oferenda do dia.
O bolso da saia é o saco que abriga a redenção do passeio.
O mato desce sobre as paredes como cabeleiras protegendo a nudez.
As antigas alcovas se abrem em cloacas na incontinência dos restos.
Os bancos da praça, por onde ela passa, são frios convites.
Os galhos são falsos trapézios erguidos no arco das horas.
As folhas paradas refletem o tempo amesquinhado que cala.
O jornal se corrompe em atroz estufa do lodo e do lucro.
Os dedos são ímãs catando do lixo a pompa dos dias.
Os olhos são fachos ardendo na febre de uma ausência sentida.
A arrogância dos homens espreita e apressa a gentil despedida.
A piedade é injúria que a velha acata com a gratidão de quem bebe.
A velha mastiga uma espera e digere paciente o cansaço.
A fome passa na expectativa cruel de não ser satisfeita.
A catarata nos olhos empasta azulada a transparente tristeza.
O olhar conformado desconfia do tempo que denuncia a tragédia.
As veias lhe saltam sob a pele das mãos como afluentes sem rumo.
As águas aumentam e a chuva a espanca no vendaval de seus pingos.
As mãos se atordoam e buscam socorro nos fios das águas.
A sacola desce sobre a roupa molhada atropelando-lhe os passos.
O rosto congela uma queixa suave que se expande em ternura.
As águas afluem como líquidos leitos na disputa do corpo.
A imagem no chão se desfaz, espalhando sacola e pertences.
O vestido não fica nem vai, no balanço do corpo tão triste.
Os filhos de pedra investigam de longe o temor dos vencidos.
O vento sibila um enigma que se converte em profundo silêncio.
Os chinelos falidos arrastam desejos frustrados deixados ao chão.
O andar de tão trôpego inventa uma dança entre carros e homens.
O passo se ausenta na passagem dos erros e projeta o desastre.
As pernas se vergam para juntar o achado da inútil valia.
As mãos tateantes recolhem a moeda atirada ao desprezo.
A precisão avalia e guarda com zelo a oferenda do dia.
O bolso da saia é o saco que abriga a redenção do passeio.
O mato desce sobre as paredes como cabeleiras protegendo a nudez.
As antigas alcovas se abrem em cloacas na incontinência dos restos.
Os bancos da praça, por onde ela passa, são frios convites.
Os galhos são falsos trapézios erguidos no arco das horas.
As folhas paradas refletem o tempo amesquinhado que cala.
O jornal se corrompe em atroz estufa do lodo e do lucro.
Os dedos são ímãs catando do lixo a pompa dos dias.
Os olhos são fachos ardendo na febre de uma ausência sentida.
A arrogância dos homens espreita e apressa a gentil despedida.
A piedade é injúria que a velha acata com a gratidão de quem bebe.
A velha mastiga uma espera e digere paciente o cansaço.
A fome passa na expectativa cruel de não ser satisfeita.
A catarata nos olhos empasta azulada a transparente tristeza.
O olhar conformado desconfia do tempo que denuncia a tragédia.
As veias lhe saltam sob a pele das mãos como afluentes sem rumo.
As águas aumentam e a chuva a espanca no vendaval de seus pingos.
As mãos se atordoam e buscam socorro nos fios das águas.
A sacola desce sobre a roupa molhada atropelando-lhe os passos.
O rosto congela uma queixa suave que se expande em ternura.
As águas afluem como líquidos leitos na disputa do corpo.
A imagem no chão se desfaz, espalhando sacola e pertences.
O vestido não fica nem vai, no balanço do corpo tão triste.
Os filhos de pedra investigam de longe o temor dos vencidos.
O vento sibila um enigma que se converte em profundo silêncio.
ARLETE NOGUEIRA - é uma poetisa e escritora maranhense
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