por Fabiana Culshaw
Outros países manejam índices de bem estar e satisfação.
Economistas debatem sobre a pertinência de abordá-la como políticas públicas.
Quando a felicidade deixa de ser um tema emocional e passa a ser tema político-econômico, a história se altera.
Muito se fala sobre o novo “vice-ministério da Felicidade”
que acaba de criar o governo, o que tem despertado desde apoios e voluntariados
até criticas e zombarias. O certo é que esse novo organismo não passa “por
debaixo da mesa” e todos se perguntam que vai acontecer.
O nome vice-ministério resulta gracioso para muitas
pessoas, porque, nos remete a um conceito totalmente abstrato, como é a
felicidade, a realidade concreta de um governo e esse contraste surpreende. (Não falta quem diga de maneira bem
intencionada que, ele só tem feito despertar sorrisos como esse nome, o organismo
já está cumprindo a sua função...
O certo é que grande parte dos países manuseia com
indicadores de bem estar e satisfação populacional, o que tem que ver com a “felicidade”.
Tomara que o novo da Venezuela tenha formado
um organismo especificamente para esse tema.
Debate
anterior
O debate está de pé. O que é felicidade? Até que
ponto a felicidade pode ser medida? Poder ser abordada como políticas públicas?
Buscando antecedentes, encontramos no Reino do Butão, um
pequeno país asiático entre a Índia e o Tibet, que há mais de 40 anos usa o índice
de Felicidade Bruta Nacional (FBN) e o índice de Felicidade Bruta Interna
(FBI), mais que a menos controversa medição do produto Interno Bruto (PIB).
Recentemente, uma comissão desse país visitou a Bolívia e
o México para explicar sua filosofia de viver bem e como gerar políticas públicas
e a partir desse conceito, a Bolívia em particular manifestou o seu desejo de
aplicar o índice de felicidade do Butão.
Esse índice se baseia em critérios psicológicos e
culturais, usando indicadores “objetivos e subjetivos”. A preservação e
promoção de valores culturais, a conservação do meio ambiente e o bom governo
formam parte desse termômetro, segundo o Ministério de Planificação e Desenvolvimento
do Butão.
Existem também algumas correntes européias de pensamento,
por exemplo na França, onde economistas manuseiam a formula: maior taxa de inflação
e desemprego, menor felicidade. Mas essa posição, por simplista, tenha caído em
desuso, e sobreviveram as correntes que sustentam que a felicidade é mais
complexa.
Na Venezuela, o economista Víctor Álvarez, investigador
do Centro Internacional do estado de Miranda (CIM), explicou que a discussão em
torno da felicidade teve o seu auge há 20 anos, no terreno econômico, com
posições que intentaram rechaçar a ”visão economicista” sobre o desenvolvimento
dos países; isto é, no que se baseia em índices do PIB, cifras de inversão, de
exportação e outros números frios. “Se que, assim como se mede o PIB per capta,
também se deveria medir a felicidade per capta, para acercar-se mais a uma
visão humana, assinalou.
A seu juízo, os indicadores da “felicidade” se dão pela
soma da inclusão social: emprego, /desemprego, qualidade do emprego, porcentagem
do número de filhos incluídos na educação primária, matrícula na educação média
e universitária, grau de acesso a cultura ao esporte, tranqüilidade e não ter
serviços de saúde.
O economista Francisco Faraco não está anda de acordo. “A
felicidade é um estado de espírito individual, não um bem coletivo, pois não se
pode medir de maneira confiável nem administrá-la. Essa invenção do governo é outra
maneira de manipulação da psicologia da pessoa e de dilapidar recursos da
nação. Existem muitos países que tem bons índices de emprego, educação e acesso
a serviços de excelente qualidade, como na Suíça e outros, com igual nível de desenvolvimento,
mas lá as pessoas se dizem infelizes e insatisfeitas. Não há uma relação direta
entre esses indicadores e a felicidade”, insistiu.
O exemplo de Faraco não deixa de ser , para Álvarez, só
uma confirmação de que os países mais desenvolvidos tenham descuidado das pessoas,
por haverem-se concentrado mais nos interesses econômicos , que nos humanos.
Paternalismo. Alguns psicólogos consultados analisam que
a intenção do governo de “velar pela felicidade do povo” reflete uma posição paternalista.
“Eu não aceito que zelem por minha felicidade, esse é um assunto meu, não sou
uma criança”, disse um senhor que não quis ser identificado diante de uma
consulta feita na rua. Uma pessoa ao seu lado disseque “essa função de darnos
felicidade e paz cabe melhor à Igreja. “A mim me parece.
Também há as pessoas que associam a intenção do governo
com o chamado “mar de felicidade de Cuba” e mostra suas reservas. Conteúdo: El Mondo Online. Tradução: Dom Severino
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