quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Para FT, governo usa espionagem como desculpa para protecionismo

Política de conteúdo nacional no setor de telecomunicações causará ainda mais danos à economia do país, diz jornal
O Brasil pode ser o primeiro entre os países do Bric (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China) a ter sua nota rebaixada pelas agências de classificação de risco.
A avaliação aparece em texto publicado nesta quarta-feira pelo jornal britânico Financial Times com o título "As chances de um downgrade (rebaixamento) no Brasil". Ao citar analistas do banco britânico Barclays em São Paulo, a publicação diz que "muito possivelmente" o país pode ser o primeiro entre os grandes emergentes a ter a nota cortada. Se a economia nacional não crescer rapidamente e a situação fiscal continuar em deterioração, dizem os economistas, odowngrade poderia vir no início de 2014.

O programa de espionagem norte-americana no Brasil vazado pelo ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden, pode se transformar em desculpa para o governo brasileiro intensificar sua política protecionista, segundo análise do jornal britânico Financial Times.

Segundo o blog Beyondbrics, do FT, as últimas declarações de membros do governo - e da própria presidente Dilma - indicam que o país poderá lançar mão de uma política de conteúdo nacional no setor de telecomunicações que causará ainda mais danos à economia do país, que já está "sem fôlego".

O jornal cita o centro de certificação anunciado pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que será de uso obrigatório de todas as empresas presentes no país (de telecom ou não) e que terá como função "bloquear espiões da NSA". "Que surpresa que esse escândalo tenha disparado os reflexos agudos de protecionismo do Brasil", ironizou o Beyondbrics

O FT também cita pontos do marco civil da Internet como forma insustentável de "proteger" dados brasileiros. "Os políticos brasileiros obviamente não pensaram em por que diabos essas propostas funcionariam num mundo em que empresas de tecnologia da informação, pesquisa e desenvolvimento e o fluxo de informação são verdadeiramente globais", diz o jornal.

De acordo com o artigo, como resultado dessas medidas, o país deverá ficar para trás em tecnologia e os custos aos consumidores subiriam devido ao monopólio de empresas locais detentoras dos produtos exigidos pelo governo. "Enquanto isso, os espiões dos Estados Unidos ficarão tão felizes espiando brasileiros por meio dos equipamentos locais como ficam ao usar redes globais". Conteúdo: Veja.com

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