domingo, 30 de março de 2014

Le Monde dedicou um editorial para a Venezuela

A Venezuela, grande produtora de petróleo, é um país potencialmente rico. Mas os 15 anos de "chavismo" deixaram esse país fora de combate no plano econômico e social. Desde o mês de fevereiro que os venezuelanos tomaram as ruas para protestar diariamente contra um regime que conquistou a tríplice corroa: esbanjar as suas riquezas, praticar a corrupção sem pudor e autoritarismo político

O “chavismo é a doutrina herdada do outrora presidente Hugo Chávez, que exerceu o poder desde 1999 até 2013, quando morreu: é um coquetel sócio-nacionalista inspirado no exemplo cubano, e no anti-imperialismo militante que tira suas forças de um velho sentimento revolucionário latinoamericano.

Os 14 anos de reinado de Hugo Chávez ajudaram uma pequena parte da população: os mais pobres entre os 30 milhões de venezuelanos se beneficiaram da distribuição da riqueza produzida pelo petróleo. Mas para o resto da população, o “chavismo” arrasou o país: devido ao pouco controle da economia pelo Estado, investidores nacionais e internacionais desmotivados e sem incentivos, controle dos preços, controle do cambio e controle do comércio exterior feito pelo governo.

Eleito em abril de 2013, o sucessor de Hugo Chávez, Nicolás Maduro, o superou ao acabar com o crescimento. Em um ano, Maduro congelou a atividade econômica do país. Esta semana, anunciou que se viu obrigado a implantar uma tabela de racionamento parecida com a existente em Cuba e que foi instaurada há meio século...  

Alem do petróleo, que a Venezuela possui as maiores reservas do mundo, produz cada vez menos. Importa quase tudo. Antigamente o país se destacava na pecuária e agricultura, hoje em dia se vê obrigado a comprar mais de um terço do que consome.

O país não tem quase divisas, isso é o cumulo para um país exportador de petróleo! Nos hospitais falta de tudo. As interrupções no fornecimento de energia são muito freqüentes. A inflação anualizada excede a 56%, condenando os mais pobres ainda mais a pobreza.

Os manifestantes enfrentam as milícias paramilitares do regime. Este acusa os “burgueses” de tomar as ruas. Equivoca-se. Por trás dos estudantes, ponta de lança das manifestações, está todo o espectro completo da sociedade venezuelana que expressa sua inquietação diante de fatos aterradores.

Sob a personalização extrema do poder, a liderança que exercia Hugo Chávez sobre o exercito não tem deixado de aumentar sua influencia sobre a vida política. O “modelo cubano” produz na Venezuela todos os efeitos negativos. Foi criada uma economia paralela, um mercado de tráfico interno e externo que beneficia a uma pequena classe sem escrúpulos.

À destruição da economia se agrega uma insegurança crescente: 25 mil homicídios por ano, sem contar os roubos, agressões de todo tipo e sequestros. Caracas é a capital mais perigosa do planeta.

Necessita-se de todo encanto do “exotismo latino” para que certos intelectuais franceses encontrem algum encanto no “chavismo”, sobretudo, porque este, sob Maduro ou sob Chávez, cerceam as liberdades públicas, silenciam uma parte da imprensa e agridem toda a oposição. Na realidade, o chavismo se tem convertido em um pesadelo. com El Universal (VEN)     

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