sábado, 10 de janeiro de 2015

Um país sem heróis e sem estadistas

“Meus heróis morreram de overdose. Meus inimigos estão no poder”. (Cazuza)

Como dizia o imortal Cazuza, os nossos heróis morreram todos de overdose e eu digo que outros morreram nos cárceres da ditadura. Aqueles que sobreviveram aos tempos de chumbo, sobre eles pesam algumas suspeitam de que para sobreviver ao regime tiveram que abrir o bico, como se diz na gíria, quando dizemos que alguém delatou um companheiro.

Herói brasileiro? Só aqueles que morreram em combate na luta por um ideal de justiça. Nada contra quem delata para sobreviver, pois como diz Zé Ramalho numa das suas composições que "sob tortura toda carne se trai". Aceito como natural e humana a fraqueza de qualquer ser humano, só não aceito como heróis os que sobreviveram numa batalha onde todos que dela participaram efetivamente morreram. É que quem sobreviveu à guerrilha, dela não participou ou foi poupado.

A turma do Pasquim sobreviveu e alguns deles, hoje recebem uma pensão vitalícia por terem feito uma oposição velada ao regime. Herói nacional que eu considero só Honestino Guimarães (ex-presidente da UNE) e outros que tombaram no campo de batalha.

A juventude brasileira em todos os tempos nunca teve em quem se espelhar, porque o nosso país e um país sem heróis e aqueles que a história registra como sendo acabam não resistindo a uma investigação histórica criteriosa e responsável. Isso faz de nós um povo sem referência e sem passado edificante. 

Nós os brasileiros carecemos de heróis e estadistas, como existem em países bem sucedidos como os EUA, Alemanha e Japão. Os nossos estadistas têm o mesmo perfil de Paulo Maluf, o estereótipo do político nacional. 

Joachim Arouche

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