O Boletim Focus do Banco Central (BC), que afere
posicionamentos do mercado quanto a indicadores relevantes da economia
brasileira, tem trazido projeções nada alentadoras para 2016, ainda que em números
mais favoráveis do que aqueles previstos para 2015.
No último Boletim (18/12), espera-se que a recessão
continue forte: de um decréscimo do PIB de -3,70% estimado para 2015, o mercado
prevê uma nova queda de -2,80% no ano subsequente.
Registre-se, por oportuno, que o país teve crescimento
zero em 2014.
A inflação, medida pelo IPCA, hoje no entorno de 10,70%,
deve ceder por conta dos juros elevados e da recessão, ambos inibidores da
demanda agregada. O mercado trabalha com um percentual nas cercanias de 6,87%,
mesmo assim maior que o teto da meta.
A taxa de câmbio, atualmente nos arredores de R$ 4,00, é esperada
depreciar-se em 2016 para cerca de R$ 4,20, inobstante a atuação do BC
segurando sua cotação via swaps cambiais, contratos futuros remunerados pela
variação do câmbio. Mas esta política, embora preserve as reservas cambiais,
tem um custo fiscal elevado, que impacta sobre o serviço da dívida.
A taxa de juros básica, a Selic, mantida há algum tempo em
14,25%, é suposta aumentar no próximo ano para 14,75%, visando a frear a
inflação de curto prazo.
Os juros altos, além dos efeitos devastadores sobre o
crescimento, aumentam o custo do serviço da dívida, inclusive por conta da indexação
dos títulos públicos à Selic, e, por via de consequência,
faz crescer o déficit nominal do país, exigindo superávits
primários maiores para estabilizar essa dívida.
Além desses números do BC, são alarmantes os dados de
desemprego para este e para o próximo ano, os de redução
dos salários reais, e os de outros indicadores econômicos.
A troca de ministros na Fazenda terá pouco impacto nesse
quadro dantesco, propiciado pela má gestão da presidente Dilma Rousseff e sua
política econômica desastrada.
O que se exige hoje é um projeto de união nacional em
torno de agenda mínima de curto prazo para a retomada do crescimento, englobando
três ações: (1) estabilizar a dívida pública; (2) acionar mecanismo de proteção
social contra a recessão e o desemprego e (3) estabelecer programa emergencial
para estados e municípios.
Depois, se construiria consensos para a reclamada agenda
de transformações estruturais, compreendendo: (a) reforma previdenciária; (b)
reforma tributária; (c) reforma trabalhista; (d) reforma política e (e) nova
política de inserção internacional.
Mas como haver união nacional para implementar essas
agendas, bases para a formulação de um modelo de crescimento sustentável para o
Brasil, com a presidente à frente do Executivo?
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Maurício
Costa Romão, Ph.D. em economia. mauricio-romao@uol.com.br
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