quarta-feira, 22 de junho de 2016

A poesia segundo Mata Roma



Tântalo

Conta uma lenda antiga, cuja fama
Pelos tempos modernos inda voa,
Que lá no inferno, condenado à toa,
De fome e sede Tântalo rebrama.

Junto, corre uma fonte clara e boa.
Perto, um galho de frutas se recama.
Mas, se ele quer comer, se afasta a rama,
E, se tenta beber, a água se escoa.

Tem minha vida e a lenda o mesmo traço,
Flagela-me também um vão desejo,
Fome e sede incontidas também passo.

Punido como Tântalo me vejo:
Tão perto desse corpo, e não te abraço!
Tão junto dessa boca, e não te beijo!”

João da Mata de Oliveira Roma, poeta, teatrólogo, jornalista, jurista, professor universitário, nasceu no município de Chapadinha no estado do Maranhão. Mata Roma era adepto do Simbolismo.

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