Eu não
tenho medo da morte. O que me aflige e me faz sentir medo é a certeza de que a
morte me privará da doce sensação de poder caminhar pelas ruas, de ver gente,
de admirar o pôr do sol e caminhar sob uma chuva miúda.
Os medos
que sinto, são do transito estrangulado, das ruas e calçadas apinhadas de gente
e de veículos automotores. Da superpopulação que com a sua ação esgota todos os
recursos naturais, de modo a que o homem sofra com a falta de água, do lixo que
provoca o envenenamento dos rios, mares e congestiona às nossas vias
respiratórias.
É a
barbárie que me causa aflição. São as guerras que me tiram o sono. É o desemprego
que me atormenta e me deixa sem ânimo para encarar guerras que sabemos por
antecipação que são guerras perdidas.
Tenho
medo do “amor” que me torna impotente e me faz rastejar como quem não tem
forças para ficar de pé.
Tenho
mais medo da cama do que da morte. Ter medo da cama significa ficar imobilizado,
sem autonomia e sendo dirigido e conduzido por parentes ou cuidadores. Pensar
nessa possibilidade me deixa tomado, possuído por um grande pavor.
Toda vez
que eu penso na morte eu tenho a dimensão da tragédia inevitável, mas, por
outro lado, abre uma janela na minha consciência que me permite aceitá-la com
um destino implacável.
por Tomazia Arouche
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