domingo, 24 de setembro de 2017

Ouso afirmar que quase todos nós temos um caráter macunaímico



Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita”. (Frase do cantor e compositor Tim Maia)

Não pode dar certo um país, cujo maior herói é o personagem Macunaíma, idealizado e criado pelo escritor Mário de Andrade, que com a sua narrativa de caráter mitológico, busca com essa sua obra interpretar o nosso caráter. E consegue. Um caráter que tem se revelado pusilânime, com uma natureza preguiçosa e brincalhona. Características essas que se manifestam, até nos momentos mais sérios e turbulentos da vida nacional.

Macunaíma nasce com as suas fraquezas de caráter, inerente a um ser que não pode ser levado a sério, que sobrevive de traquinagens e que vive se reinventando. Qualidades que são facilmente encontradas no povo brasileiro, de A a Z.

Querer exigir de nós, povo brasileiro, um caráter sem deformação e movido por uma vontade resoluta, é exigir demais de um povo de natureza dócil, influenciável, do tipo Maria vai com as outras.

O Brasil não é um país sério, porque formado por brasileiros, um povo forjado e inspirado na natureza do herói idealizado e inventado por Mário de Andrade.

Com essa sua frase que abre este texto, o cantor e compositor Sebastião Rodrigues Maia (Tim Maia), também tenta interpretar o nosso caráter de povo volúvel, festeiro, sem seriedade e excessivamente alegre.

É óbvio que existe numa população de mais de 200 milhões de almas, brasileiros que contrariam essa lógica que faz da maioria do povo brasileiro uma repetição de Macunaíma. Esses são o que nós chamamos de honrosas exceções.    

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