quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Sobre ser mulher...



A saia pode ser mini. O corpo pode estar com uns quilinhos a mais. A cozinha pode não ser o seu forte. O trabalho pode ser sua prioridade. Outra mulher pode ser sua opção.  O que não pode ser mini é a mente das pessoas. O que não pode estar a mais é a cobrança pela perfeição.  O que não pode ser o seu forte é satisfação alheia. O que não pode ser prioridade jamais é a desigualdade entre os gêneros. O que não pode ser uma opção nunca é o preconceito. E o que pode ser sempre como quiser? As mulheres!
Um misto de sensibilidade, força e atitude. Assim são as mulheres. O ser mais singular que existe por ser feito de tantos plurais. Só as mulheres conseguem ser tão contraditórias e uniformes ao mesmo tempo. Só as mulheres conseguem ter tanto antagonismo em uma só personalidade. Só as mulheres conseguem viver dramas sorrindo. Só as mulheres conseguem ter muita coragem cheia de medos. Só as mulheres conseguem ser o que só elas conseguem.
Ah, as mulheres! Tantas complicações, confusões e interpretações em um universo tão diverso, que muitas vezes, só elas entendem – ou não.  Eu posso afirmar, como mulher, que somos bivolt: vamos de 110 a 220 facilmente e também funcionamos em qualquer voltagem que nos colocarem, talvez esse seja o nosso maior poder. E é da nossa natureza ser mutável e adaptável. Mas o que mais incomoda a alma feminina são as condenações limitadas e engessadas de prerrogativas para mantê-las dentro da caixa que não as cabe.
Quando as mulheres usam sais curtas ou decotes, elas não estão querendo, nem muito menos pedindo, para serem assediadas ou estupradas. Elas não estão se oferecendo. Apenas estão usando saias curtas e decotes. Porque gostam, porque querem e porque são livres para usar.
Quando as mulheres gostam de se arrumar, usam maquiagem, gastam dinheiro com sapatos e bolsas, se preocupam com a beleza, querem estar de cabelos arrumados e unhas feitas, não quer dizer que elas são superficiais e fúteis. Apenas estão fazendo coisas normais para se sentirem bem consigo mesmas.
Quando as mulheres não estão afim ou não sabem cozinhar, e em vez disso, cuidam de suas carreiras e vida profissional, não significa que elas não são mulheres para casar ou não estão aptas para exercer o seu papel. (Aliás, que papel? O de Amélia?). Elas apenas não têm dotes culinários e preferem o escritório. E quando as mulheres mandam bem na cozinha, não trabalham fora, cuidam do marido e dos filhos, não quer dizer que ela não é uma mulher moderna e é submissa. Apenas que tem a casa e a família como prioridades.
Quando as mulheres estão de jeans rasgado, chinelo, uma camiseta qualquer, sem maquiagem e até com uns quilinhos a mais, não querem demonstrar que são relaxadas ou muito menos que não são mulheres. Apenas querem de vez em quando, ou sempre, estar dentro de um padrão que elas gostam e não o que a sociedade impõe.
Quando as mulheres se relacionam com outras mulheres, com homens, são solteiras aos 35, em cada festa beijam um diferente ou guardam sua virgindade para depois do casamento, não significa que existem “mulheres” e “mulheres”. Apenas que existem mulheres que querem ser feliz diante de suas escolhas.
Quando as mulheres estão chatas, carentes, loucas e irritadas na TPM, elas não estão com frescura. Apenas estão com Tensão Pré Menstrual, sentido dores absurdas, com o corpo inchando e tendo que agir normalmente.
Quando as mulheres não choram por qualquer coisa, não gostam de ganhar flores e não fazem a linha princesa, não é porque elas são insensíveis. Apenas não demonstram seus sentimentos como a maioria espera. Quando as mulheres se derretem facilmente e choram por qualquer bobagem, não quer dizer que elas são frágeis. Apenas têm os sentimentos mais a flor da pele.
E quando as mulheres conseguem ser tudo isso, não significa que elas têm transtorno bipolar ou enlouqueceram. Elas apenas estão sendo mulheres. Muitas, em uma só. E nada tem a ver com um manifesto feminista ou machista, porque ser mulher de verdade vai além de qualquer ideologia. No fundo, no fundo todas só querem compreensão pelo caminho que decidiram seguir, sem qualquer tipo julgamento, rótulo ou enquadramento pré-concebido por quem quer que seja.
Num dia tão emblemático e comemorativo, o dia escolhido para lembrar a luta e real importância das mulheres na sociedade, espero que não se sobressaia qualquer coisa passageira e menos relevante do que aquilo que deve ser lembrado durante todos os outros dias do ano e o que todas as mulheres de fato merecem: RESPEITO!


Manu Marques Barbosa é uma poetisa e escritora maranhense.

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