Litania
da Velha
(fragmento)
(fragmento)
O tempo consome o silêncio e mastiga vagaroso a
feroz injustiça.
O campo se perde embebido em jenipapos para a manhã sufocada.
Os bois da infância ruminam sua paciência e espreitam essa audácia.
— O tempo dói na ferida aberta da recordação.
A velha cata os pertences no quarto que exibe a sua miséria.
A sacola esconde improvisos da vida e ganhos equivocados.
A rua se reserva precária aos passos vacilantes, entre lembranças.
A pobre mulher sai maltrapilha, sem pressa, carregando brio e saudade.
O campo se perde embebido em jenipapos para a manhã sufocada.
Os bois da infância ruminam sua paciência e espreitam essa audácia.
— O tempo dói na ferida aberta da recordação.
A velha cata os pertences no quarto que exibe a sua miséria.
A sacola esconde improvisos da vida e ganhos equivocados.
A rua se reserva precária aos passos vacilantes, entre lembranças.
A pobre mulher sai maltrapilha, sem pressa, carregando brio e saudade.
Convicção
Aqui, onde uma mulher se curva
e se inventa,
é onde de uma dor imensa e
turva
se alimenta.
Aqui, quando tonta e avulsa
se procura,
é onde viva a luta lenta pulsa
e transfigura.
Aqui, onde o que é e será
retorna
ao berço,
é onde busca âncora, estrela,
bigorna
e terço.
Arlete
Nogueira
da Cruz (Machado) nasceu na estação ferroviária de Cantanhede, no interior do
Maranhão, em 1936. Licenciada em filosofia pela Universidade Federal do
Maranhão, cursou o mestrado em Filosofia Contemporânea na PUC/RJ, defendendo
dissertação sobre Walter Benjamin. É professora aposentada da UFMA e exerceu
também a docência na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde
lecionou Filosofia Contemporânea.
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