Eu nunca imaginei que viveria tanto tempo ao ponto de me sentir entediado, desanimado, desmotivado, cansado e sem perspectiva. Eis que a velhice nos alcança e a vida acaba se transformando num fardo muito pesado e num tédio permanente. A velhice é uma vida de achaques, uma vida com muitas limitações, sem o direito de sonhar e de perseguir um objetivo, porque o tempo que nos resta é breve.
O fardo que o idoso carrega, ao invés de ir ficando mais leve com o passar do tempo, muito pelo contrário, o seu peso aumenta como consequência dos dias cotidianamente mais desinteressante e sem uma motivação aparente. O que ajuda a pessoa idosa a continuar são as lembranças do que fomos e o amor que ainda conservamos pelos nossos filhos, netos e irmãos.
Não existe nenhuma virtude, glória em se viver muito, porque a vida longeva nos reserva poucas alegrias e ao fim e ao cabo, sofremos mais, porque os achaques são diários e dores se sucedem.
Viver um dia de cada vez é a melhor forma de suportarmos os maus humores de uma vida falida, de uma vida da qual não se espera mais nada.
Severino Arouche
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