Em nome da governabilidade, via de regra, o presidente da república no Brasil, vira refém dos grandes partidos políticos ou de blocos políticos que trocam apoio por favores. O MDB nos governos Lula e Dilma foi useiro e vezeiro na prática do toma lá dá cá. Negociando apoio, mas sem assumir compromisso de fidelidade, porque basta o presidente de plantão cair em desgraça, para que os aliados abandonem o parceiro.
A traição dos partidos que formavam a base de sustentação do governo da presidenta Dilma Rousseff, serve para ilustrar muito bem a vocação dos políticos brasileiros para a traição. A guisa de ironia, podemos afirmar que no Brasil, “trair e coçar É só começar”.
A presidenta Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores (PT), por exemplo, por pura ingenuidade foram traídos covardemente pelo então Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), hoje MDB, com o presidente dessa sigla e vice-presidente da república Michel Temer, tendo liderado um movimento que resultou no impeachment de Dilma Rousseff e no defenestramento do PT do poder central da república.
O presidente da república Jair Messias Bolsonaro, que nos primeiros dias do seu governo apostava no apoio da caserna para sustentá-lo no poder, logo descobriu que esse apoio não viria e diante dessa comprovação e com o seu governo vivendo dias de muita turbulência, sem outra alternativa, só lhe restou se entregar de corpo e alma ao que no Brasil se convencionou chamar de Centrão, um bloco político formado por políticos do baixo clero, mas com muita expertise em negociações que envolvem apoio político em troca da liberação de emendas parlamentares e cargos no primeiro, segundo e terceiro escalões do governo.
Neste momento crucial da vida republicana brasileira, com este país mergulhado em três enormes crises, sendo uma sanitária e as duas outras: social e política, o presidente Bolsonaro vive o pior momento do seu governo, porque perdeu apoio popular e o Centrão, já sinaliza o fim do seu apoio ao governo Bolsonaro, caso essas crises continuem renitentes e persistentes, o que é muito provável.
Diante de um quadro de muita incerteza, o presidente Bolsonaro “anda na corda bamba”, porque o poder começa a fugir do seu controle. No dia de ontem (22), um grupo formado por mais de 500 personalidades brasileiras (economistas e banqueiros na sua expressiva maioria), assinaram uma carta, onde demonstram suas insatisfações com esse governo e apontam uma saída para o impasse: o governo envidar todos os esforços para a contratação de uma quantidade de vacinas que seja suficiente para imunizar o país. Uma carta endereçada ao presidente da república que é um apelo ao bom senso e uma busca desesperada - de uma parte significativa do povo brasileiro pela pacificação e a união nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário