O que somos e o que nos tornaremos?

 

O impermanente, o transitório, o provisório e o nada. Ao final todos nós nos tornaremos pó.

Somos também uma ilusão que criamos em cima de uma eternidade que nunca se cumprirá.

Movidos por uma quase certeza de que somos imortais, eternos como areia, como o barro que a bíblia de maneira mentirosa e leviana nos faz acreditar que fomos gerados. Porque a Bíblia nos garante a imortalidade da alma.   

As nossas vidas não passam de quimeras, da doce ilusão de que nós herdaremos o paraíso celestial, desde é claro, que sejamos humildes (porque só os humildes herdarão o reino dos céus), obedientes e que obedeçamos sempre às vontades de um deus que não tolera rebeldes, contestadores e questionadores. Um deus que exige submissão e subserviência em troca de uma promessa vã de que seremos todos recompensados com um lugar ao seu lado - no paraíso. Um lugar onde não existirá dor, sofrimento, miséria e pobreza. Uma doce Ilusão, convenhamos!

Para herdar o reino da glória, a condição sine qua non para o pretendente a um lugar no paraíso celestial é a de que os impuros se purifiquem através do sangue do cordeiro, com um comportamento servil, humilde e despersonalizado. O comportamento de uma ameba.

A Bíblia, um livro criado pelo homem como um guia do bom comportamento e da subserviência para fins de submissão e escravidão, para as pessoas que não aceitam as coisas sem questionar, se não fosse a indústria da fé e das religiões, já teria sido queimado não na fogueira dos inquisidores da racionalidade que sempre se insurgiram contra uma história mal contada e que não se sustenta diante de um questionamento inteligente e apoiado na razão, porque esse livro não contem verdades e é marcado pela contradição, desde o seu primeiro livro até o último.

As religiões monoteístas convencem os humildes e pobres de espírito de que a causa de todo nosso sofrimento reside na desobediência do homem ao espírito infinito e eterno criador e preservador do universo. De um ser transcendente e imanente. Tudo mentira ou esse deus das religiões é um ser masoquista, impiedoso e cruel. Um ser que troca obediência por uma promessa que é uma quimera.     

Por Tomazia Arouche