O Brasil nas últimas décadas vem assistindo a um fenômeno preocupante que é o abandono dos quartéis pelos militares para abraçarem a carreira política. Esse fenômeno vem ocorrendo em todo o país e em todos os níveis do Poder Legislativo, ou seja, no Poder Legislativo Municipal, Estadual e Federal. No Poder Executivo o número ainda bastante reduzido, mas não por falta de vontade dos militares.
Porque esse fenômeno vem ocorrendo? Por patriotismo é que não é. Deve ser pela vida mansa que os políticos levam. Políticos que para transformar a política numa profissão, basta conquistar um primeiro mandato. Um mandato que para conquistá-lo, basta ter muito dinheiro e a competência necessária para montar um bom esquema. A propósito: sem esquema, poucos são os políticos que conseguem se eleger para um cargo eletivo: vereador, deputado estadual, deputado federal e senador, prefeito, governador e presidente da república.
O que elege mesmo um político para qualquer cargo eletivo no Brasil é o dinheiro. Hoje, até os políticos identificados como sendo do campo progressista ou de esquerda, só conseguem um mandato apelando para o mesmo esquema que os políticos tradicionais e identificados como integrantes do campo conservador e de direita, usam. Parafraseando o imortal Chacrinha, na política brasileira nada se cria, tudo se copia. Acontece que copiar custa menos e dá menos trabalho.
Só o uso da grana explica o sucesso de muitos militares na política, porque nas nossas policias e nas Forças Armadas nós não temos heróis. Brasileiros que colocaram ou colocam suas vidas em defesa da pátria ou da sociedade.
Já faz muito tempo que militares brasileiros das Forças Armadas colocaram suas vidas em risco em defesa da pátria e contra o antifascismo que ameaçava dominar o mundo sob as lideranças de Adolf Hitler e Benito Mussolini. De lá pra cá, os militares da Marinha, Aeronáutica e Exército nunca mais colocaram suas vidas em perigo em defesa da pátria. Nos EUA os militares que ingressam na política, o fazem usando como apelo para convencer o eleitor estadunidense, as medalhas, honrarias e insígnias merecidamente conquistadas em defesa dos EUA nos campos de batalhas.
O que também justifica a migração de militares das policias e das Forças Armadas para a política, é o fato de que na vida pública, o único risco de vida que um político com mandato corre é o de ser atingido por uma bala perdida. Exceto isso, o resto é só dinheiro, fama e glória.
Sem que nada for feito no sentido de impedir que militares ingressem na política, logo os quarteis estarão vazios e a população mais insegura ainda.
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