por Renée Pereira
A pesquisa acompanhou apenas obras que constavam do terceiro balanço do PAC, até janeiro de 2008, e do último, até setembro. De acordo com a amostra analisada, os obstáculos ao avanço do programa, que completou dois anos em janeiro, variam de entraves burocráticos, ambientais, ideológicos a questões financeiras.
Em alguns casos, os projetos aguardam há meses edital de licitação para sair do papel. Em outros, os projetos executivos estão sendo feitos em etapas e ainda não foram concluídos. Na lista de problemas, há ainda barreiras para fechar os financiamentos das obras e dificuldades na desapropriação de terras para iniciar os projetos.
Um dos setores com maior número de atrasos é o portuário. A maioria dos editais de licitação do programa de dragagem dos terminais brasileiros, para aprofundar o canal de acesso dos navios, não foi publicado na data prevista. No Porto de Santos, o maior da América Latina, a previsão, em janeiro de 2008, era pôr o edital no mercado até 31 de agosto.
No último balanço do PAC, o prazo havia sido revisto para 31 de outubro e, mais uma vez, não foi cumprido. O documento só foi publicado em dezembro. Na semana retrasada, as propostas apresentadas pelas empresas interessadas em fazer a dragagem em Santos até abril de 2010 foram desabilitadas por falta de documentação.
Entre as rodovias, um exemplo é a BR-163, que prevê a pavimentação de 1.000 km entre Guarantã do Norte (MT) até Santarém (PA). No trecho 1, por exemplo, que vai de Rurópolis a Santarém, a expectativa era terminar 20 km de terraplenagem e execução de 15 km de pavimentação até 31 de janeiro de 2008. Em setembro, a obra havia avançado só 11 km de terraplenagem e 10 de pavimentação. Neste caso, a lentidão é decorrente de atraso nos projetos executivos e de licenças ambientais.
As concessões rodoviárias também estão atrasadas. A terceira etapa, que vai licitar trechos da BR-040, BR-381 e BR-116, em Minas Gerais, foi adiada de novembro para março. É provável que a nova data também seja postergada, já que o edital, previsto para sair em janeiro, ainda não foi publicado.
"O PAC está empacado. Por mais esforço que façam, o programa está aquém das expectativas", diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), Luiz Fernando dos Santos Reis. Para ele, para usar o PAC como a base de investimentos do País, será preciso mais agilidade.
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