domingo, 1 de fevereiro de 2009

Múcio afirma que disputa entre Tião e Sarney deixará sequelas na base aliada

por GABRIELA GUERREIRO

O ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) admitiu neste domingo que haverá sequelas na base aliada governista após a disputa pelos comandos da Câmara e do Senado. Como nas duas Casas Legislativas candidatos da base aliada governista disputam as presidências, Múcio disse que terá que trabalhar para acalmar os ânimos dos governistas --especialmente aqueles que perderem a corrida eleitoral.

"Evidentemente que ficam (sequelas). É por isso que precisamos ter cuidado porque a disputa é absolutamente dentro da base. É preciso tomar providências. Vamos fazer acomodações para que essas coisas não aconteçam", afirmou.

Apesar da esperada distribuição de cargos no Executivo para os partidos governistas derrotados no Congresso, Múcio disse que não haverá "prêmio de consolação" para aqueles que perderem a disputa. "Não tem prêmio de consolação. O prêmio de consolação é o resultado da maioria. Por isso somos democratas e zelamos pela maioria."

A palavra de ordem do Palácio do Planalto, segundo Múcio, é "precaução" para evitar que o racha na base governista traga impactos ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Todos entendem o resultado, o voto é secreto. Mas aqueles que não obtém a vitória ficam magoados. Por isso, é preciso trabalhar. É preciso cuidado na forma de conduzir. Vamos fazer o trabalho com o vitorioso e com aqueles que não lograrem vitória. A disputa é dentro de um campo de aliados. Isso sempre deixa algumas marcas."

Consequências

O ministro admite que as sequelas da disputa entre os aliados serão maiores no Senado, onde concorrem Tião e Sarney. "Na Câmara, a coisa é mais fácil de ser diluída, digerida. No Senado, a coisa é mais apertada", afirmou.

Segundo Múcio, Lula tem pedido "cautela" para os aliados para evitar rachas ainda maiores na sua base de sustentação. "São questões partidárias. O presidente tem recomendado muita cautela. É preciso ter cautela. O vencedor é aliado, aquele que não for vencedor também é aliado", disse.

O ministro esteve na manhã deste domingo no Congresso, em reunião da bancada do PTB, para negociar apoios ao candidato Michel Temer (PMDB-SP) --que disputa a presidência da Câmara com os deputados Aldo Rebelo (PC do B-SP), Ciro Nogueira (PP-PI) e Osmar Serraglio (PMDB-PR).

O presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), disse que o partido está unido em torno de Temer. O petebista condenou o lançamento de candidaturas ao comando da Câmara porque, na sua opinião, enfraquece Temer --candidato oficial de 14 partidos da Casa. "As candidaturas estigmatizam o candidato. Se ele não vence, terá dificuldades de conviver na Casa", disse Jefferson.

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