Em clima de grande agitação, um grupo formado por mais de 200 militantes lotou, na última sexta feira (6 de março), o auditório do Sindicato dos Bancários para discutir as alternativas de resistência caso as autoridades brasileiras queiram impor a presença de Roseana Sarney e/ou João Alberto no governo do Maranhão. Puxada pelo Comitê de Defesa da Democracia, a plenária criticou a posição do TSE e deixou claro que pretende ir às últimas conseqüências na luta em favor da democracia no Maranhão. "Nenhum passo atrás, Sarney nunca mais!", continuou sendo a palavra de ordem.
O presidente do Sindicato dos Bancários, Raimundo Costa, um dos convidados, disse que se ele "fosse o governador Jackson Lago, também só sairia do Palácio morto". Costa fez este comentário, seguindo a fala de vários outros militantes que comentaram a declaração do governador de que está disposto "a dar a própria vida em nome da causa da liberdade do Maranhão".
Plenária em favor de Jackson reuniu mais de 200 lideranças
O deputado federal Domingos Dutra, o primeiro a falar na plenária, afirmou categoricamente que o grupo Sarney só entra no Palácio "se houver derramamento de sangue". O presidente do PT lembrou a Balaiada, a greve de 51 e a greve de 79. "O povo do Maranhão tem história de luta, nós vamos honrar esta história. Por isso, não vamos nos submeter a esta violência que está sendo tentada contra a vontade popular".
Freitas Diniz, ex-deputado federal e figura que lutou contra a ditadura de 64, disse que o povo do Maranhão deve partir para a desobediência civil. Aplaudido pela plenária, ele afirmou que, "da forma como as coisas foram encaminhadas no TSE, o caso terá que sair do campo jurídico e entrar no campo político. Neste caso, a desobediência civil terá que ser o nosso caminho". O engenheiro Magno Cruz, um dos fundadores do CCN (Centro de Cultura Negra), lembrou a história de luta dos quilombolas ao lado da Balaiada, falou de Negro Cosme e disse que, neste momento, eles terão que estar mais uma vez mobilizados ao lado desta luta pela democracia.
Mesmo contando com a presença de alguns militantes que estão no governo, o tom da reunião foi todo puxado por representantes da sociedade civil organizada. "Aqui não é uma luta em defesa de um governo. O que nós estamos fazendo é algo que vai muito mais além", disse Serjão, conhecido militante da Pastoral da Juventude, ao reforçar a fala Paulão, representante do movimento Hip Hop.
O cantor e compositor César Teixeira participou de toda a plenária, sendo inclusive chamado para a mesa de abertura. Ele cantou no início e também no fechamento da atividade política. Além da consagrada Oração Latina, César mostrou uma toada que ele fez para o Vale Protestar, movimento anti-Sarney que ele participa ativamente desde 2006. Em sua fala, o poeta também falou da necessidade de resistir. "Eles não vão passar por cima dos nossos mortos" disse.
O Comitê de Defesa da Democracia no Maranhão reuniu na plenária de sexta-feira estudantes e professores universitários, militantes e dirigentes de sindicatos urbanos, do MST, da Fetraf, da Fetaema, do movimento de luta por moradia, do Conselho Regional de Assistência Social, do Movimento Negro, do Hip Hop, Vale Protestar, irmãs da congregação Notre-Dame, Movimento do Software Livre e mais militantes do PT, PDT, PSB e PCB, além de alguns simpatizantes do PSTU e P-Sol. Na plenária foi apresentada uma agenda de mobilização contra o golpe. A partir dessa semana o grupo começa a sinalizar com mais força para a opinião pública.(jornal Pequeno)
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