domingo, 29 de março de 2009

Renata Sorrah: não é fácil encarar o envelhecimento

Gabriela Germano, entrevista atriz Renata Sorrah

A vilã Nazaré, de Senhora do Destino, fez o Bairro Peixoto, em Copacabana, virar ponto turístico desde 2004. Recordista de audiência da década, a novela voltou ao ar este mês, repetindo o sucesso no ibope e fazendo Renata Sorrah cair de novo na boca do povo. Aos 62 anos, ela tenta explicar esse sucesso todo e diz que se sente bem com a idade: "Não quero me tornar um negócio que você nem reconhece o que é de tanta plástica".

As maldades de Nazaré já voltaram a fazer sucesso nas ruas. Como você vê isso?
Levei um susto com a resposta das pessoas. No primeiro dia da reprise já tinha gente gritando "Naza" nas ruas. Já me contaram até que no Bairro Peixoto tem guias que levam os visitantes para ver a casa onde ela morava e o bar que ela frequentava. É incrível ver que os anos passam e alguns papéis permanecem. A Nazaré tem um humor muito forte. Ela se acha a gostosa e foi um trabalho muito divertido de fazer. Como a Heleninha de Vale Tudo, acho que a Nazaré vai ficar para sempre na lembrança.

A Heleninha, aliás, é um sucesso no YouTube. Você já se viu na internet?
Já e acho muito engraçado. Às vezes fico com vergonha de ver. Tem uma cena em que ela aparece dançando e acho que pede para tocar um merengue. Aí não acredito que fiz aquilo. Mas tanto Nazaré quanto Heleninha são personagens em que me entreguei do fio do cabelo ao dedão dos pés.

Em Senhora do Destino, você contracenou com Susana Vieira e dizem que vocês não se dão bem. Como é sua relação com ela?
Tudo o que dizem sobre minha rivalidade com Susana é mentira. Nós somos amigas, acho que ela ótima atriz, nos damos muito bem e já trabalhamos juntas algumas vezes. Essa história de rivalidade começou justamente com a novela do Aguinaldo (Silva). Mas o que aconteceu é que confundiram ficção com realidade.

E agora vocês vão contracenar mais uma vez, no seriado Cinquentinhas?
Já li sobre esse projeto do Aguinaldo, mas nada foi confirmado comigo.

Você está com 62 anos e algumas atrizes mais maduras reclamam que, com o passar do tempo, não ganham papéis interessantes na TV. Com você é diferente?
Acho que uma das profissões mais amorosas com a mulher é a de atriz. Se você é boa, permanece mesmo com o passar da idade.

Mas a TV não é um pouco cruel com as mulheres? Não exige que elas sejam escravas da vaidade para permanecer?
Talvez exista um pouco de crueldade e pressão sobre as atrizes. Mas chega uma hora em que você tem de encarar que o tempo passa para todo mundo. Não é fácil encarar isso. Mas eu não quero me tornar um negócio que você nem reconhece o que é de tanta plástica.

Você é contra a cirurgia plástica e o botox?
Não, mas acho que não tem nada a ver comigo. Não tenho vontade de fazer. Acho tão bonito quando vejo uma atriz com sua cara de verdade. Hoje, tanto pessoal quanto profissionalmente, optei por deixar o tempo agir de maneira bacana.

Você se acha sexy?
Sexy, não. Sensual, sim. Não digo que não sou vaidosa. Sempre gostei de me exercitar. Pela quarta vez tento parar de fumar e agora espero que seja para sempre. Gosto de sair bonita em uma foto, por exemplo. Mas isso tudo sem mudar o que sou.

Você já foi casada com Carlos Vereza e com Marcos Paulo. Como é seu relacionamento com seus ex-maridos?
Eu me relaciono muito bem com eles. Sem problemas.

Marcos Paulo tem a fama de se envolver com várias atrizes e faz sucesso entre as mulheres, mas você foi a primeira musa. Como é isso?
Não sei se fui a primeira musa do Marcos Paulo, mas ele é um grande amigo hoje. Temos uma filha juntos, a Mariana.

Sua filha se casou o ano passado e você ficou sozinha. Está solteira? Sente solidão?
É triste ver nosso ninho vazio porque sempre guardamos as lembranças. Mas vivo bem solteira, sozinha. Jamais senti solidão.

Nazaré é considerada uma das grandes vilãs da TV brasileira. Quem é o grande vïlão do Brasil hoje?
A violência no Rio é a maior vilã dos dias de hoje. E olha que para assumir isso tive que dar o braço a torcer. Sou supercarioca, sempre achei essa a cidade mais linda do mundo, mas está muito difícil viver aqui. As ruas à noite estão vazias. Tenho sonho de abrir um teatro com minha sobrinha, Deborah Evelyn. E quero abrir esse teatro aqui. Mas meu coração sangra de ver o Rio como está.

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