A cultura política brasileira fere de morte o espírito da democracia, por atingi-la no seu ponto vital que é à alternância de poder. Sem que haja mudança de poder, não existe democracia plena, pois na medida em que um político ou grupo político permanece indefinidamente no poder, esse poder passa a ser ditatorial.
Está mais do que provado que o político brasileiro, seja ele de esquerda ou de direita, se depender só do seu desejo, não deixa o poder por livre e espontânea vontade. A história política brasileira está repleta de exemplos de políticos e de partidos que só deixaram o poder, "escorraçados" pelo voto popular - de pessoas que não suportavam mais serem comandadas por uma só pessoa ou um só grupo político.
O Brasil após ter sido "redemocratizado", e após o fiasco do governo Collor de Mello, foi governado pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que para permanecer por mais tempo no comando da nação, resolveu alterar o jogo político ao criar o instituto da reeleição - o que resultou em mais um mandato para o presidente da república Fernando Henrique Cardoso, que não disputou um terceiro mandato, mas o seu partido apresentou um novo candidato que se tivesse sido eleito, o PSDB continuaria governando o país.
A propósito: com a reforma política que se pretende fazer, não basta só acabar com a reeleição do principal mandatário, mas também do partido. Tomemos como exemplo o PSDB de Teresina que há mais de 20 anos está no poder, com um tucano sucedendo o outro. Isso também aconteceu em Porto Alegre, onde o Partido dos Trabalhadores, também passou no poder um tempo igualmente longo. Isso só para citar esses dois partidos que se consideram o supra-sumo da aplicabilidade da democracia.
Tudo isso foi dito, para mostrar que todo político brasileiro tem um pouco de ditador. Em muitos deles, esse espírito existe na forma de um desejo secreto, em outros, nem tanto. E é contra a natureza do político brasileiro que a sociedade civil deve se insurgir, não permitindo que nem o político, nem o partido permaneçam a vida toda no poder.
Não é uma tarefa fácil, eu sei, ser erradicada, num curto espaço de tempo essa mentalidade do atraso e uma herança nefasta dos coronéis e dos caciques da política brasileira - que vicejaram na velha república, mas que alguns deles ainda insistem em permanecer vivos e atuantes na nova república.
Como as mudanças feitas através da cultura, não acontecem tão rapidamente, só apelando para a mudança na lei. Daí a necessidade de que seja feita uma profunda reforma política para acabar com os vícios da política nacional.
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